- Alô!
- Mãe, a senhora ainda demora?
- Não sei, filha, porquê?
- É que meu dente tá pra sair da minha boca e ele não pode sair sem a senhora ver.
É claro que eu peguei o carro e me piquei pra casa (gente, que gíria antiga!). Cheguei e ela sorria muito. Ansiosa.
- Mãe, será que eu vou ficar feia?
- Não, Toquinho. Vai ficar linda, mais linda ainda.
Tentei tirar. Não consegui. Tremia demais. Deu vontade de chorar.
Minha grande assistente assumiu o comando da operação.
- Me passa a linha. Tem que dar quatro voltas.
Achei que ia infartar. Mas eu tinha que ser firme. A Dalila estava firme e cheia de coragem e vontade de fazer aquilo. Porque eu ia enfraquecê-la?
- Deixa a mamãe pegar nas tuas mãos pra te dar força.
- Mãe, melhor a senhora me soltar. Tua mão tá muito suada e a senhora tá esmagando a minha mão.
- Ah... tá bom.
Enquanto Waldilene preparava o "material cirurgico", Dalila puxa um papo.
- Mãe, é verdade que existe a Fada do Dente?
- Fada do quê?
- A Fada do Dente, mãe. Aquela que pega o dentinho em baixo do travesseiro e deixa um real.
Pensei rapidamente "no meu tempo essa fada era o rato que pegava o dente em cima do telhado, mas a lenda dela é mais bonita", então decidi concordar!
- Mãe, mas isso não é lenda, não?
- Não sei, Dalila. A gente descobre amanhã.
Waldilene termina suas quatro voltas. Resolve usar linha rosa para o momento ficar mais romântico.
Cara, na hora que foi pra puxar de verdade, que pânico!! Sou eu que sou bocó ou é apavorante mesmo?
Dalila ria, até que se olhou no espelho e não enxergou o buraco do dente, nem os outros. Só sangue. Parecia que estavam matando a pobre de tanto que ela gritava. Ela ainda lembrou de xingar a Fada. E também xingou Deus. Disse que ele era muito malvado em fazer dentes que não durassem a vida toda e que aquela dor não valia a pena "só por causa de um real" (palavras dela).
De manhã, depois que ela encontrou o dinheiro "deixado pela fada" veio a grande pergunta:
- Mãe, acho que isso é lenda mesmo. Pra quê que essa fada quer tanto dentinho feio?
15 comentários:
Ahahahahahahah!
Ótima esta história. Vai entrar pra minha memória também.
Bjs e Boa viagem.
A Super Dalila é mesmo uma criança inteligente!
Bacana essa tua história. Projetou-me, naturalmente, para o futuro de minha Júlia. Mas, que eu me lembre, não doeu quando tiraram os meus dentes de leite. Nem sangrou tanto. E, de fato, sempre jogavam para cima do telhado. Guardei apenas um, por gosto pessoal. Se bobear, ainda o encontro em casa.
Como ela está se achando, agora que está banguela?
Anderson Reis
Fantástica essa Dalila!!!
só ela pra me fazer rir com essa história hoje!!
bjs lindinha
Yúdice, mas tu sabes que eu acho q não doeu. Tanto que ela riu na hora que tirou. Só abriu o berreiro quando olhou no espelho a quantidade de sangue. Sim, saiu muito sangue.
É, amigo, vá se preparando! É tudo muito mágico!!!!
Anderson e Carlos, meu Toquinho é mesmo demais! heheheheheh (mãe morta de coruja!!!)
Fiquei emocionada. É sério.
Me divirto muito com as histórias da tua Dalila! Nossa acho muito engraçado, até porque me lembram muito as histórias da dona Fernandinha lá de casa.
O primeiro dente é sempre uma grande emoção (acho até que mais para gente do que para elas), mas enfim...
To com três dentes na tua frente e a fada do dente também costuma aparecer lá em casa. E sempre com a reclamação de que aquele sangue todo não vale R$ 1.
A minha Fê, com 6 anos, até me perguntou o que eu achava dela escrever uma carta para fada pedindo para aumentar para cinco reais o dente. Acreditas? rs
Beijos e parabéns pela filhota.
Irna Cavalcante
Que lindinha a Dalila.
O dente do meu filhote caiu esta semana também, e ele, assim como a Dalila, por iniciativa própria, o guardou debaixo do travesseiro. Acho que as lendas dos dentes mudaram do telhado para o travesseiro, pois muita criança passou a morar em apartamento. Beijos.
Obs. O telhado da casa da minha mãe ainda deve estar cheio de dentinhos.
Essa Dalila...
Quando o Estban crescer,quero que seja como a Dalila! rsrs
Ai Jesus. Eu tô me acabando de rir. Meu rímel já era de tanto que tô lagrimando...kkkkkkkkkkkkk.
É por essas e outras que a Dalila é mesmo super.
Já quero ver a foto.
Bjs nela
Nossa...
Uma pausa no trabalho e me deparo com essa história... Que linda!!!
Definitivamente, tem uma hora em que o reloginho biológico começa a gritar pela maternidade.
O meu já começou... Esses três anos restantes de espera, planejados, vão demorar a passar...
Louca para viver as ALEGRIAS e as dores de ser mãe. Mesmo sabendo que terei que colocar uma pessoa nesse mundo tão cruel.
Abraços e um beijo enorme para a Dalila!! (olha a intimidade)
Amei.... amei... esse foi o melhor do Blog!
Como diz aquele "nosso pai": Ela é o cão-chupando-manga!
:):):):):)
Chego no consultório da dra. Amira e dou de cara com a Dalila.
- Olha, é a Dalila (Eu digo);
Ela me olha com uma cara de desdém e diz:
- Eu te conheço?
E eu, rindo.
- Eu te conheço...vc não é filha da Waleiska e do Saulo?
- E ela:
- Sou, mas eu não te conheço...
E depois me ignorou completamente. Acho que ela pensou "quem é essa já, que chega do nada, me chamando pelo nome, querendo ser...eu hein...esses adultos..."
Gosto de ler as histórias do teu blog e essa da Dalila foi demais. Lembro que na minha época os dentes também iam pro telhado. Acho que é por isso que não tem goteira na casa da minha avó. É muito dente pra tapar! Acho que foi melhor não ter fada, pois naquele tempo ela iria estar bem pobre. Rsrsrs. A minha Danda tá com dois e indo pro terceiro. Espero que até caírem ainda seja R$ 1.
Valeu, Dalila, você é realmente super.
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