quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Sigam a cronologia da coisa...

A precisão da observação é do advogado e professor Alan Souza:


1) No dia 21 de outubro - terça-feira - o doleiro Alberto Youssef, preso na operação Lava-Jato, presta depoimento na Polícia Federal. Não cita Lula e nem Dilma;
 
2) No dia seguinte (quarta-feira, 22 de outubro) os advogados de Youssef pedem para fazer uma retificação desse depoimento. O advogado de Youssef pergunta quem mais, além de quem já fora citado, sabia das fraudes na Petrobras. E Youssef afirma que, pelo tamanho do esquema, era impossível que Dilma e Lula não soubessem. Não apresentou nenhuma prova e nem lhe foi pedida. Acabou aí a "retificação";
 
3) No dia seguinte (quinta-feira, 23 de outubro) a revista Veja publica a famosa capa em seu site, afirmando que Lula e Dilma sabiam de tudo, com um trecho da reportagem que sairia na edição impressa citando o depoimento da véspera do doleiro. Depois disso a própria Veja afirma que estava apurando o teor do depoimento de Youssef desde a terça-feira, mas que a informação só adquirira o grau de clareza e certeza necessários para publicação na quinta-feira;
 
4) Como a Veja estava apurando desde a terça-feira um depoimento que só aconteceu na quarta-feira?
 
 
E ainda tem quem queira que eu leia Veja e dê crédito ao que se escreve lá...

Existem hoje mais de 60 mil conselhos nos municípios. Pra quê temê-los?

De acordo com a Pesquisa de Informações Básicas Municipais do IBGE, há atualmente ao menos 62.611 conselhos municipais de diversas temáticas em todo o Brasil. Algumas áreas conseguiram consolidar conselhos em praticamente todos os municípios. Foram registrados 5.562 de Assistência Social; 5.553 Conselhos Municipais de Saúde; 5.249 Conselhos de Direitos da Criança e Adolescente e 4.845 Conselhos Municipais de Educação.

Outras áreas ganharam fôlego mais recentemente. É o caso dos Conselhos Municipais dos Direitos da Mulher, os Conselhos Municipais de Meio Ambiente, os Conselhos Municipais de Direitos da Pessoa com Deficiência e os Conselhos Municipais de Cultura. 

Finalmente, novas áreas de políticas públicas começam a institucionalizar espaços participativos nas esferas municipais. É o caso dos conselhos de igualdade racial; de direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais; de direitos humanos; e de juventude, que gradativamente vem sendo instituídos nos governos locais.  

Assim, por meio de suas lutas, novos sujeitos políticos são reconhecidos na esfera pública, os quais passam a exercer plenamente seu direito a participar.

A participação popular na gestão da coisa pública só fortalece a democracia. Permite maior controle sobre os governos, permite que mais agentes se envolvam no processo e vejam seus pleitos atendidos, permite uma maior politização da sociedade.

Como não apoiá-los?



Cobertura dos conselhos nos municípios brasileiros (IBGE)

Conselho
Nº de Municípios
% de Municípios
Ano de atualização 
Conselho Municipal de Assistência Social
5562
99,86%
2013
Conselho Municipal de Saúde
5553
99,69%
2013
Conselho Tutelar
5526
99,21%
2012
Conselho Municipal de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB
5462
98,06%
2011
Conselho de Alimentação Escolar
5303
95,21%
2011
Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente
5249
94,24%
2012
Conselho Municipal de Educação
4718
84,70%
2011
Conselhos Escolares
4243
76,18%
2011
Conselho Municipal de Meio Ambiente
3784
67,94%
2013
Conselho Municipal de Habitação
3240
58,17%
2011
Conselho Municipal de Direitos do Idoso
2993
53,73%
2012
Conselho Municipal de Cultura
1798
32,28%
2012
Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional
1756
31,53%
2013
Conselho de Transporte Escolar
1367
24,54%
2011
Conselho Municipal de Política Urbana ou similar
1231
22,10%
2012
Conselho Municipal de Direitos da Pessoa com Deficiência
1094
19,64%
2012
Conselho Municipal dos Direitos da Mulher
976
17,52%
2013
Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio
879
15,78%
2012
Conselho Municipal de Segurança Pública
642
11,53%
2012
Conselho Municipal de Transporte
357
6,41%
2012
Conselho Municipal de Juventude
303
5,44%
2009
Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial
196
3,52%
2011
Conselho Municipal de Saneamento
195
3,50%
2011
Conselho Municipal de Direitos Humanos
123
2,21%
2011
Conselho Municipal de Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais
12
0,22%
2011
TOTAL DE MUNICÍPIOS
5570
100,00%
2013

Fonte: Relatório Perfil dos Municípios Brasileiros 2009, 2011, 2012, 2013; Pesquisa de Informações Básicas Municipais – MUNIC – IBGE.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Pau que nasce torto...

Em tempo: 


O PSB alega que apoiou o Aécio pra trazer o PSDB pra esquerda. 
Mas se trazer o PT de volta pra esquerda já está dando trabalho, imagine transformar um partido genuinamente de direita...


Uma das maiores piadas destas eleições.


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Loucos e desesperados

Entro no consultório.
Após a rápida consulta, o médico puxa um papo. Por trabalharmos num ambiente conservador, ele imagina que eu sou um de seus pares:

- É, parece que a Dilma vai ganhar mesmo, né? - Fala com cara de nojinho.
- Pra o bem do Brasil, espero que sim.

Ele me olha com cara assustada e solta a pérola:
- Que é isso? Agora acabou. Vamos viver mesmo uma ditadura comunista aqui. O Brasil vai ser comunista!

Eles estão loucos e desesperados.

domingo, 19 de outubro de 2014

Um passado que a gente não quer mais

Voltávamos do almoço. A três quadras e casa, uma mãe com os três filhos (idade aparente entre 7 e 12 anos) vasculhavam as lixeiras de um prédio classe média.

Eu me assustei com a cena. A Dalila fez cara de choro. "Mãe, aquela menina tem a minha idade. Ela não podia estar aí. Eu nunca tinha visto isso".

Parei pra lembrar qual tinha sido a última vez que eu havia visto uma família revirando o lixo dos outros. Lembrei do quão comum era isso na minha infância, na minha adolescência. Não que isso nos deixasse frios, mas eu cresci entendendo que, infelizmente, aquilo fazia parte do processo, que a vida era assim, alguns foram fadados a viver do resto dos outros.

Hoje, adulta, a história do Brasil me mostra que não. E eu me assustei com o que vi hoje porque essas cenas deixaram de ser tão corriqueiras no Brasil dos anos 2000. Porque a miséria não assola mais nosso país como antes.

Ainda nos faltam muitos passos para eliminar de vez a fome da vida de nosso povo. Mas, milhares já saíram da miséria e não estamos mais no mapa mundial da fome.

De minha parte, pra ajudar aquela família dei as marmitas que trouxe do almoço.

E domingo preciso nas urnas dar continuidade ao único projeto que se apresentou até agora preocupado com essas questões.

Quanto à Dalila Figueiras, entendeu como de nenhuma outra forma a importância das políticas de transferência de renda.

#ComDilmaEuVou

Pelo fim dos "bichos" no Brasil

Voltávamos do almoço. A três quadras e casa, uma mãe com os três filhos (idade aparente entre 7 e 12 anos) vasculhavam as lixeiras de um prédio classe média.

Eu me assustei com a cena. A Dalila fez cara de choro. "Mãe, aquela menina tem a minha idade. Ela não podia estar aí. Eu nunca tinha visto isso".

Parei pra lembrar qual tinha sido a última vez que eu havia visto uma família revirando o lixo dos outros. Lembrei do quão comum era isso na minha infância, na minha adolescência. Não que isso nos deixasse frios, mas eu cresci entendendo que, infelizmente, aquilo fazia parte do processo, que a vida era assim, alguns foram fadados a viver do resto dos outros.

Hoje, adulta, a história do Brasil me mostra que não. E eu me assustei com o que vi hoje porque essas cenas deixaram de ser tão corriqueiras no Brasil dos anos 2000. Porque a miséria não assola mais nosso país como antes.

Ainda nos faltam muitos passos para eliminar de vez a fome da vida de nosso povo. Mas, milhares já saíram da miséria e não estamos mais no mapa mundial da fome.
De minha parte, pra ajudar aquela família dei as marmitas que trouxe do almoço.

E domingo preciso nas urnas dar continuidade ao único projeto que se apresentou até agora preocupado com essas questões.

Quanto à Dalila Figueiras, entendeu como de nenhuma outra forma a importância das políticas de transferência de renda.

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O BICHO

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.

(Manuel Bandeira)

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

O jornalismo, o joio e o trigo

Artigo pulicado hoje, na Folha de S. Paulo.


O jornalismo, o joio e o trigo

Thomas Traumann*

Para exercer corretamente o papel de fiscal do poder, o bom jornalismo precisa saber separar fato de ficção, e publicar apenas os fatos 
A relação entre o poder e o jornalismo é necessariamente tensa: o primeiro faz, o segundo critica. A folclórica definição de que jornalismo é separar o joio do trigo e, então, publicar o joio reforça a noção de que o bom jornalismo deve ser um cão de guarda da sociedade sobre os poderosos, sejam eles políticos, juízes ou empresários. Um cão fiel ao seu real dono, o leitor, o internauta, o telespectador, o ouvinte.

Mas, para exercer corretamente o papel de fiscal do poder, o bom jornalismo precisa saber separar fato de ficção e publicar apenas fatos.
A manchete da Folha desta segunda (29), Dilma não cumpriu 43% das promessas de 2010 , é exemplo de jornalismo superficial. A reportagem tenta cumprir a louvável função de avaliar o cumprimento das metas do governo, mas se perde em falhas metodológicas, avaliações subjetivas e erros grosseiros.
A Folha promete entregar ao leitor o boletim com as notas do governo federal, mas dá o mesmo peso a temas tão díspares como a ampliação de efetivo de um órgão e a redução da pobreza ou o controle da inflação. É óbvio que uma avaliação séria daria mais peso às duas últimas prioridades, mas há ainda falhas de apuração. Listo algumas:

Reforma política:
Com os protestos de 2013, Dilma tentou aprovar um projeto às pressas. Não conseguiu . Na realidade, o compromisso de encaminhar proposta de realização de plebiscito para o Congresso foi cumprido. Cobrar do Executivo a realização da reforma significa desconhecer que a elaboração de leis é competência do Legislativo.

Manter o controle da inflação:
A meta de 4,5% foi superada . A Folha escolhe avaliar pelo centro da inflação. Desconhece que, pela política de metas vigente desde 1999, a inflação está sob controle se mantida dentro das bandas fixadas pelo Conselho Monetário Nacional. Isso ocorre desde 2011 e vai se repetir em 2014.

Valorização do salário mínimo:
A política de valorização atrelada ao PIB foi mantida, mas afetada pela freada econômica . No governo Dilma, a política de valorização do salário mínimo virou lei e o seu crescimento real foi de 12%. Não sabemos o que a Folha esperava mais.

Fortalecer a agricultura familiar e o agronegócio:
Há avanços pontuais em programas de agricultura familiar. Já o agronegócio reclama até da interlocução . O crédito para agricultura familiar cresceu de R$ 16 bilhões, na safra 2010/2011, para R$ 24 bilhões, na atual safra. Para o agronegócio, cresceu de R$ 100 bilhões para R$ 156 bilhões.
Houve diminuição das taxas de juros para a maioria das linhas de crédito. No caso da agricultura familiar, são todas taxas negativas. Quanto à interlocução, sugerimos conversar com a CNA sobre a qualidade de nossa parceria.

Atenção especial ao transporte urbano:
Impulsionado pela Copa, investiu em mobilidade, mas até o limite de 30% de cada projeto . Estamos investindo R$ 143 bilhões em obras de mobilidade em todo o país. Os investimentos associados à Copa eram 5% desse montante. Estamos fazendo nove metrôs, 13 VLTs, 189 BRTs e corredores de ônibus. Quanto ao limite de 30% do valor de cada projeto, desconhecemos essa restrição, criada pela Folha .

Erradicar a pobreza absoluta:
Apesar da trajetória de queda, o Ipea apontou 6,5 milhões de miseráveis em 2012 . Desconhecemos esse estudo do Ipea, mas a Folha usa dados de 2012 para avaliar o desempenho de todo o mandato.

Reforçar a Polícia Federal e a Força Nacional:
A PF perdeu pessoal e reduziu operações; FN se consolidou, mas tem operação menor . Ampliamos em 1,2% o efetivo da PF, em comparação com dezembro de 2010. Em relação ao final do governo FHC, o pessoal ativo é 59% maior. Entre 2011 e julho de 2014, a PF realizou 967 operações. No segundo mandato do presidente Lula, foram 981.
O texto conclui que, se o Brasil fosse um colégio, a gestão da presidenta Dilma Rousseff teria passado de ano raspando . Por essa analogia, a Folha teria sido reprovada.

*THOMAS TRAUMANN , 47, jornalista, é ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República