sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Bolsonaro tenta intimidar jornalistas: "Você merece ser estuprada?"

Jair Bolsonaro não tem limites
As vítimas da vez são duas jornalistas da EBC, do Rio de janeiro. 
Abaixo, a nota do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro explica:

Sindicato repudia ofensa do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) a jornalistas da EBC

O Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro vem a público repudiar a agressão praticada pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) contra duas jornalistas da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Na última segunda-feira (15) o parlamentar dirigiu-se às repórteres com frase semelhante a que o colocou nos noticiários: “Você merece ser estuprada? Você merece ser estuprada? Estou perguntando. Responda”, disse a uma delas, durante entrevista.

No áudio, descrito abaixo, a pergunta do deputado “Você merece ser estuprada?” é repetida de forma a intimidar desestruturar e prejudicar o livre exercício profissional de ambas, afrontando também a liberdade de imprensa, nesta situação. O Sindicato dos Jornalistas do Rio condena tal declaração e esclarece que a violência sexual tem efeitos devastadores na saúde de qualquer pessoas.

O Sindicato dos Jornalistas do RJ encaminhará o áudio e a transcrição do ocorrido à Comissão de Direitos Humanos e Liberdade de Imprensa da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), para a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, para a Procuradoria-Geral da República (PGR) e para a Comissão de Ética do Congresso Nacional, que já abriu processo contra o deputado Jair Bolsonaro por quebra de decoro parlamentar.

Às vésperas dos 20 anos da Conferência Mundial sobre os Direitos Mulher e no mês de aniversário dos 66 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, é inadmissível que um representante do parlamento, em hipótese alguma, estimule práticas de violação de direitos.

Esta não é a primeira vez que o deputado se dirige de maneira depreciativa a mulheres jornalistas. Em abril, Bolsonaro chamou uma repórter da Rede TV de “idiota” e “analfabeta” ao ser questionado sobre a ditadura no país. O Sindicato dos Jornalistas do DF representa a vítima.

Entenda o caso
Na tarde desta segunda-feira (15/12), o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) diplomou os candidatos eleitos em 2014, em cerimônia no Palácio Tiradentes, sede da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. No evento, deputados estaduais do Psol levantaram cartazes com a frase “A violência contra a mulher não pode ter voz no Parlamento”.

A manifestação dos deputados se refere ao episódio em que o parlamentar disse que não estupraria a deputada Maria do Rosário (PT-RS) porque “ela não merece”. Após o protesto, os jornalistas procuraram o deputado Bolsonaro para que ele pudesse dar a sua versão sobre o episódio.

Íntegra do áudio:

Jair Bolsonaro: Então estão [vocês da imprensa] sendo parciais comigo. Ela [Maria do Rosário] recebeu o catraco que ela mereceu naquele momento.

Repórter 1: Você acha que alguém merecia isso?

Jair Bolsonaro: Não, inclusive… [Olhando para mim] Você merece ser estuprada?
Repórter 1: [Silêncio]

Jair Bolsonaro: Você merece ser estuprada?

Repórter 1: [Silêncio]

Jair Bolsonaro: Estou perguntando! Responda!

Repórter 1: Eu não tenho que responder, não sou eu que tenho que responder isso.

Jair Bolsonaro: Não pera aí, eu estou perguntando para você. Então, não queira colocar palavras na minha boca.

Repórter 2: Alguém merece?


Jair: Eu estava discutindo a questão da maioridade penal no caso do Champinha, que estuprou em rodízio uma jovem de 16 anos e depois a matou. Ela [Maria do Rosário] foi lá para defender o Champinha, e ainda me chamou de estuprador, e agora eu sou réu? Lá não é colégio de freira, lá não tem santo, ela não pode ser santa, nem o seu Marcelo ‘Frouxo’ passar por babaca aqui nesta Casa. Foi o papel que ele fez, de babaca

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

O retrato do futuro do pretérito

Acabo de ver mais uma série de fotos de jovens famílias no Instagram.
Sorrisos incontidos, energia inacabável, certeza de amor eterno.
Fico emocionada.
Quanto valor tem nessas imagens...
Penso sempre que talvez eles não tenham a dimensão do que significa aquele momento. 
Sempre imagino que eles podem ser imaturos, compulsivos e ansiosos.
Podem ser desmedidos em seus gostos.
De repente, são muito mimados e acham que tudo numa relação deve agradar somente a eles mesmos.
Podem ter desejos incontroláveis e a mania de estar sempre certos.
Podem por tudo a perder.

E aí, eu me entristeço.

Lembro que a vida não é uma bela imagem escolhida para ser postada depois do efeito de um filtro mágico.

Mas, ó, se um dia tiveres a chance de fazer dela exatamente uma imagem congelada, com energia incontida, a certeza do amor inacabável e o sorriso eterno, não joga esse retrato fora, não.

Vais querer olhar pra ele muitas vezes depois. Só que ele não vais estar lá, nem mesmo para servir de cortina de fumaça.



domingo, 14 de dezembro de 2014

Eles sempre dão sinais

Certa vez conheci um cara incrível: bonito, inteligente, politizado, que dançava muito, cheiroso, bem humorado, com personalidade forte, engajado e, o melhor, solteiro!

Tudo nele seria perfeito, se ele não tivesse dito entre as primeiras frases que trocamos enquanto dançávamos (foi assim que nos me conhecemos): Você tem duas filhas de dois homens diferentes?! Que perigo se apaixonar por você!

Eu fiquei incomodada com o machismo que aquela observação carregava, mas aceitei a desculpa que ele me deu quando reclamei - sim, meus hormônios me pediram pra ser benevolente. "É que eu não tenho filhos, adoro criança e você já vir com duas é uma armadilha".

A relação andou, foi legal, cresci com ela. Mas ela terminou com certa dor. E uma dor que poderia ter sido evitada se eu tivesse dado mais importância ao sinal de que ele era um cara inseguro, ainda no primeiro contato. "Você tem duas filhas de DOIS HOMENS DIFERENTES".

Muito fofo ele gostar de crianças e sonhar em ser pai. Mas o que isso tinha mesmo a ver com o fato de minhas filhas serem de pais diferentes?!

Aí que a relação com um homem inseguro tem lá seus problemas. Assim como também tem com os machistas, os burros, os preconceituosos, os reacionários e por aí vai. 

O fato é que eu poderia ter me poupado da dor que a insegurança dele (que não é pouca) me causou, se eu tivesse sido mais atenta aos sinais.

O mesmo aconteceu quando uma vez, na primeira conversa, um cara me disse que achava que a Lei Maria da Penha não tinha critérios na proteção da mulher "supostamente vítima de agressão". Justificou sua teoria com uma história mirabolante de que respondia a um processo do tipo porque uma ex inventou isso para prejudicá-lo diante de um final de relacionamento não aceito.

Não dei a devida atenção ao claro sinal de que ele poderia ser agressivo. Adivinhem quem foi a próxima vítima do moço? 

Portanto, minha cara leitora, nunca negligencie um sinal forte como esses que dei. Não se deixe enganar apenas pelos seus interesses imediatos. Poupe-se sempre que possível.


#ArticulaçõesS/A #mulheres


sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Tirem as crianças disso!

Uma criança vai ser sempre só uma criança.

Não importa o quanto ela é inteligente, esperta, alta, desenvolvida ou antenada nos temas do momento. 

É apenas uma criança e deve ser tratada como tal: receber afeto e ser protegida.

E quem são os maiores responsáveis por esse afeto e proteção, se não os pais?

No mundo ideal, dos livros de psicologia e pedagogia infantis, pais protegem e fazer de tudo, dão o melhor de si para garantir aos seus pequenos afeto e proteção.

Tudo muito óbvio, não?

Mas o que pensar quando os próprios pais quebram essa proteção aos pequenos?

E falo da proteção básica: aquela que tenta proteger as crianças de qualquer dor: a da perda, da solidão, da angústia, da insegurança, da discórdia.

Pais que jogam seus filhos na fogueira da crise na qual vivem. Pais que colocam seus filhos no epicentro de seus próprios problemas...

Se uma criança é filha de dois adultos, também é muito óbvio que dois adultos resolvam entre eles todo e qualquer problema ou pendência referente àquela criança. E não importa se eles se amam ou se odeiam. Eles simplesmente precisam honrar as suas respectivas funções e agir como tal: proteger o pequeno. 

Por que, se parece tão óbvio, ainda existem tantos homens que não são capazes disso?

Existem homens que ignoram que alguém com 11 anos de idade não possa assumir o ônus de um novo casamento do pai. Que uma criança não possa ser pombo-correio de briga de ex casal, nem servir de garota de recado só porque seu pai se recusa em atender ligações ou responder e-mails da sua mãe.

Onde está a grande dificuldade de tirar as crianças do olho do furacão?

Por que em pleno 2014, e com tanta literatura disponível acerca do assunto, ainda reina um comportamento tão ignorante e egoísta sobre o assunto?

Qual é a grande dificuldade de tirar as crianças disso?


terça-feira, 2 de dezembro de 2014

A sincera

- Janta comigo hoje?
- Não posso. - Ela responde.

Horas depois, ela:

- Vamos numa festa na sexta?
- Tenho um aniversário.
- Ok.
- Mas posso ir com você onde quiser. - Ele cede todo faceiro.
- Ok. Te mandei o link com o endereço. Estarei lá.
- Assim não. Iremos juntos, de mãos dadas.
- Não! Então, nem vai.
- Tosca!
- Sincera!

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Sigam a cronologia da coisa...

A precisão da observação é do advogado e professor Alan Souza:


1) No dia 21 de outubro - terça-feira - o doleiro Alberto Youssef, preso na operação Lava-Jato, presta depoimento na Polícia Federal. Não cita Lula e nem Dilma;
 
2) No dia seguinte (quarta-feira, 22 de outubro) os advogados de Youssef pedem para fazer uma retificação desse depoimento. O advogado de Youssef pergunta quem mais, além de quem já fora citado, sabia das fraudes na Petrobras. E Youssef afirma que, pelo tamanho do esquema, era impossível que Dilma e Lula não soubessem. Não apresentou nenhuma prova e nem lhe foi pedida. Acabou aí a "retificação";
 
3) No dia seguinte (quinta-feira, 23 de outubro) a revista Veja publica a famosa capa em seu site, afirmando que Lula e Dilma sabiam de tudo, com um trecho da reportagem que sairia na edição impressa citando o depoimento da véspera do doleiro. Depois disso a própria Veja afirma que estava apurando o teor do depoimento de Youssef desde a terça-feira, mas que a informação só adquirira o grau de clareza e certeza necessários para publicação na quinta-feira;
 
4) Como a Veja estava apurando desde a terça-feira um depoimento que só aconteceu na quarta-feira?
 
 
E ainda tem quem queira que eu leia Veja e dê crédito ao que se escreve lá...

Existem hoje mais de 60 mil conselhos nos municípios. Pra quê temê-los?

De acordo com a Pesquisa de Informações Básicas Municipais do IBGE, há atualmente ao menos 62.611 conselhos municipais de diversas temáticas em todo o Brasil. Algumas áreas conseguiram consolidar conselhos em praticamente todos os municípios. Foram registrados 5.562 de Assistência Social; 5.553 Conselhos Municipais de Saúde; 5.249 Conselhos de Direitos da Criança e Adolescente e 4.845 Conselhos Municipais de Educação.

Outras áreas ganharam fôlego mais recentemente. É o caso dos Conselhos Municipais dos Direitos da Mulher, os Conselhos Municipais de Meio Ambiente, os Conselhos Municipais de Direitos da Pessoa com Deficiência e os Conselhos Municipais de Cultura. 

Finalmente, novas áreas de políticas públicas começam a institucionalizar espaços participativos nas esferas municipais. É o caso dos conselhos de igualdade racial; de direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais; de direitos humanos; e de juventude, que gradativamente vem sendo instituídos nos governos locais.  

Assim, por meio de suas lutas, novos sujeitos políticos são reconhecidos na esfera pública, os quais passam a exercer plenamente seu direito a participar.

A participação popular na gestão da coisa pública só fortalece a democracia. Permite maior controle sobre os governos, permite que mais agentes se envolvam no processo e vejam seus pleitos atendidos, permite uma maior politização da sociedade.

Como não apoiá-los?



Cobertura dos conselhos nos municípios brasileiros (IBGE)

Conselho
Nº de Municípios
% de Municípios
Ano de atualização 
Conselho Municipal de Assistência Social
5562
99,86%
2013
Conselho Municipal de Saúde
5553
99,69%
2013
Conselho Tutelar
5526
99,21%
2012
Conselho Municipal de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB
5462
98,06%
2011
Conselho de Alimentação Escolar
5303
95,21%
2011
Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente
5249
94,24%
2012
Conselho Municipal de Educação
4718
84,70%
2011
Conselhos Escolares
4243
76,18%
2011
Conselho Municipal de Meio Ambiente
3784
67,94%
2013
Conselho Municipal de Habitação
3240
58,17%
2011
Conselho Municipal de Direitos do Idoso
2993
53,73%
2012
Conselho Municipal de Cultura
1798
32,28%
2012
Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional
1756
31,53%
2013
Conselho de Transporte Escolar
1367
24,54%
2011
Conselho Municipal de Política Urbana ou similar
1231
22,10%
2012
Conselho Municipal de Direitos da Pessoa com Deficiência
1094
19,64%
2012
Conselho Municipal dos Direitos da Mulher
976
17,52%
2013
Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio
879
15,78%
2012
Conselho Municipal de Segurança Pública
642
11,53%
2012
Conselho Municipal de Transporte
357
6,41%
2012
Conselho Municipal de Juventude
303
5,44%
2009
Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial
196
3,52%
2011
Conselho Municipal de Saneamento
195
3,50%
2011
Conselho Municipal de Direitos Humanos
123
2,21%
2011
Conselho Municipal de Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais
12
0,22%
2011
TOTAL DE MUNICÍPIOS
5570
100,00%
2013

Fonte: Relatório Perfil dos Municípios Brasileiros 2009, 2011, 2012, 2013; Pesquisa de Informações Básicas Municipais – MUNIC – IBGE.