quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Não passarás, sua machista!

Uma campanha histórica para nós, mulheres.
Pela primeira vez, temos duas de nós disputando as cabeças pra Presidência da República. 
Eu já previa o ataque dos machistas de plantão contra as duas. Chamarem-nas de feias e outros jargões pejorativos típicos de quem não consegue enxergar além dos estereótipos. 
Mas, pra minha surpresa, esse tipo de “gracejo” (se é que pode se chamar assim) partiu de uma das candidatas.
Na semana passada, Marina chamou Dilma de gorda, como se isso a desqualificasse pra ser presidente, e agora, um de seus coordenadores diz que Dilma é masculinizada.
Que lástima. Que desserviço pra sociedade e pra o avanço do espaço das mulheres no Brasil.
Marina, nós, mulheres que lutamos por nosso espaço não vamos retroceder. As gordas, as feias, as magras, as solteiras, as duronas, as lésbicas, as masculinizadas, as patricinhas. Não passarás, sua machista!

Vale fazer disputa ideológica e política. Machista, não!

http://www.brasilpost.com.br/2014/08/22/dilma-masculina_n_5699118.html

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Revista é acusada de publicar imagens sensuais de crianças


Vogue Kids diz que não foi notificada e que não vai falar sobre o caso
Ministério Público e Polícia Federal vão analisar queixas; advogada diz que fotos ferem artigos do ECA

GIOVANNA BALOGH / FOLHA DE S. PAULO

A revista Vogue Kids , encartada neste mês com a Vogue , foi criticada em redes sociais e acusada por um instituto de ter publicado fotos de meninas menores de idade em poses sensuais, vestidas de biquíni. Em algumas imagens, elas aparecem deitadas e com pernas abertas.

Queixas sobre o ensaio Sombra e Água Fresca se espalharam em redes sociais e chegaram nesta quinta (11) ao Ministério Público Federal e estadual e à Polícia Federal. Os órgãos avaliarão o caso.

Procurada, a revista afirmou que não foi notificada e não tem nada a declarar sobre o assunto.

O instituto Alana, organização de defesa dos direitos das crianças, é autor de uma das acusações. São garotas em poses sensuais e [existe] uma clara adultização precoce dessas crianças , afirma a psicóloga Laís Fontenelle, que integra a entidade.
Para a psicóloga, as meninas estão fazendo propaganda das roupas, o que é vetado pelo Conanda (Conselho Nacional dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes), órgão ligado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência.

Resolução deste ano do órgão proíbe a publicidade direcionada a crianças.
Mãe de uma menina de dois anos, a roteirista Renata Corrêa, 31, ficou indignada com a publicação e colocou as fotos nas redes sociais. Apagou-as em seguida, justificando que as crianças já haviam sido expostas demais, mas seu desabafo gerou mais de 1.000 compartilhamentos em poucas horas. Um grupo no Facebook chamado Pediatria Integral tinha mais de 4.000 compartilhamentos com as imagens.

"Muitas vezes, quando pensamos em pedofilia, imaginamos um um cara se escondendo atrás do computador. Mas a gente não fala de uma cultura de pedofilia, em que a imagem das crianças é explorada de uma forma sexualizada", diz Renata.

A advogada Ana Lucia Keunecke, da Artemis (entidade de defesa ao direito da mulher), diz que as fotos ferem artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente. "As meninas estão claramente em um situação de vulnerabilidade. Fere a moral dessas crianças mesmo que o ensaio tenha tido a autorização dos pais", explica.

O advogado de família, Danilo Montemurro, diz que o Ministério Público poderá entrar na Justiça com uma ação civil para determinar o recolhimento da revista e multa. Também segundo ele, os pais das crianças podem virar réus por terem autorizado as fotos. 

Além da exposição sexualizada, as crianças foram expostas como adultos. Isso fere o artigo 17 do ECA, que preserva o direito da identidade do menor , diz.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Bônus sem mérito

Da coluna Opinião, Folha de S. Paulo desta quarta-feira.


Numa tentativa de responder ao aumento da criminalidade em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu no ano passado começar a pagar um bônus a policiais que obtivessem progressos em suas áreas de atuação.

O prêmio é devido a agentes que consigam, de acordo com as características de cada distrito, diminuir o ritmo de crescimento, estancar ou reduzir três tipos de ocorrência: mortes violentas (homicídios e latrocínios); roubos em geral (exceto de bancos e de cargas); roubos e furtos de veículos.

Iniciativas dessa natureza sempre despertam receios quanto ao uso de artifícios para forjar bons resultados, mas a proposta tinha o mérito de estimular a corporação a perseguir objetivos concretos, valendo-se de mecanismo amplamente adotado pela iniciativa privada e, em menor grau, pela própria administração pública.
Diante da disparada dos casos de roubos no Estado, entretanto, o governo decidiu excluir esse indicador do plano de metas, mantendo apenas os itens relativos a mortes e subtração de automóveis.

A mudança, é claro, facilita a concessão do benefício, mas isso não diz tudo. O mais grave é que, sem a alteração, nenhum policial faria jus ao pagamento extra --e são cerca de 120 mil agentes. Afinal, tanto no Estado como na capital, os roubos sobem há nada menos que 14 meses consecutivos.

Buscando justificar a nova regra, a Secretaria da Segurança Pública argumenta que a criação da delegacia eletrônica --que permite notificar delitos pela internet-- contaminou a série histórica, impedindo comparações diretas entre este ano e o anterior.
A explicação não convence. A própria secretaria admite que a alta de roubos se verifica mesmo com a depuração dos registros eletrônicos. Bastaria, ademais, criar meios para minimizar distorções. Eliminar das metas os índices de roubos serve apenas para aplacar insatisfações corporativas e premiar o desempenho insatisfatório.

O bônus de até R$ 2.000 por trimestre faz diferença. Soldados e cabos da Polícia Militar ganham, em média, perto de R$ 4.000 mensais; um investigador da Polícia Civil recebe cerca de R$ 5.700. Nos dois casos, em valores brutos.

Parece que o governo Alckmin transformou o prêmio numa compensação pelos baixos salários que oferece às forças de segurança (o Paraná, por exemplo, paga mais que o dobro a seus delegados).

O contribuinte, todavia, fica sem entender por que deve arcar com o bônus por um desempenho que só tem piorado nos últimos tempos.