segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Sobre a eficiência da segurança

As pessoas já se acostumaram a reclamar da violência, mesmo as que nunca foram vítimas dela. E a reclamação da violência traz sempre consigo uma crítica ao poder público, seja pela falta de policiamento ou viatura, seja pela falta de conclusão de um caso.

Mas acho que falta um pouco de percepção das pessoas nessas críticas. No caso do Pará, não acho que a violência tenha aumentando nos últimos anos por falta de ação do Estado [na área da segurança pública, propriamente dita], mas porque vivemos hoje em um mundo mais bruto, mais cruel, mais criminoso.

Nas últimas semanas, tenho feito o exercício de passar o olho nos títulos dos cadernos de Polícia dos jornais de Belém e tenho ficado surpresa com o que vejo. Quase 80% das matérias e notas mostram uma ação firme e com resultados na área da segurança pública.
Só para citar como exemplo, nesta segunda-feira, o caderno de Polícia do Amazônia Jornal (que adora um sangue!) o saldo foi: das 19 matérias, 15 mostram o Estado como um agente de solução.
As matérias estavam distribuídas assim:
- Doze notícias eram sobre prisões (algumas em flagrante) e estouro de pontos de tráfico; 1 de um projeto de lei que será encaminhado à Assembléia Legislativa que trata de prevenção ao uso de drogas; e 1 que mostra uma ação de solidariedade da PM nos bairros da Terra Firme e Telégrafo, na capital.
- Duas davam notícias no âmbito do judiciário: um jugalmento que aconteceria hoje; e um habeas copus negado pelo STJ a um homem que matou a ex-mulher.
- As três matérias que "sobram" tratam de um bandido que morreu ao reagir a prisão; o corpo de uma pessoa desaparecida que foi encontrado; e um homem assassinado por rivalidade.

Acho que a tal "sensação de insegurança" existe mesmo. Eu mesma me sinto insegura em muitas ocasiões, mas, acima de tudo, pelo aumento da criminalidade, e não, pela falta de ação dos órgãos de segurança.
O próprio aumento no número de casos de bandidos que fazem reféns confirma essa eficiência. O cara teve seu roubo frustrado com a chegada da polícia e tenta se defender fazendo um refém. Vale observar que em todos os casos registrados nos últimos dois anos, houve êxito da polícia na solução desses casos, com o bandido preso e as vítimas livres.

Acho que as críticas ao Estado cabem muito mais por este não oferecer condições socioculturais a pessoas que acabam no mundo do crime, do que pela falta de uma política de segurança pública eficaz.
E aí, quando falamos em falta de oportunidade/acesso, não podemos esquecer de fazer uma outra análise: parte dos criminosos de hoje foram garotos sem escola e cultura no passado.

18 comentários:

Anônimo disse...

E eu te amo.

Anônimo disse...

É bom que é só o Amazônia que gosta de sangue, né Waleskinha???? Isso porque foi nesse jornal que você começou essa gloriosa carreira de jornalista crítica, né, amiga? Quanta erudição! Bonito! Cuspir no prato que comeu (e bem, né?)

Anônimo disse...

Eh...pode ser. Vou passar aler com mais cuidado, ou quem sabe com mais isenção.Abs, Leiska

Anônimo disse...

Parte dos criminosos de hj são garotos que continuam fora da escola e sem acesso à cultura. A culpa, sim, é do Estado, independente de qual governo esteja ocupando-o, hoje e ontem!

. disse...

Pela forma como me chamou, já sei quem é o anônimo 09:33.
Querido, não se trata de "cuspir em prato que comeu", mas de observação. Ou vais negar que Polícia não é um dos focos do Amazônia? É claro que é! Assim como Esporte. É um jornal comercial e popular.
Ou vais querer defender que a o jornal foca em política internacional???
Por favor, observe a crítica não como ofensiva, mas como real.
Exatamente porque trabalhei lá (e tenho muito orgulho de ter sido da equipe fundadora) que sei a o peso que as matérias de polícia têm no jornal.
Por favor, meu eterno querido, não se ofenda com o que eu disse.

beijocas!

. disse...

Ah, e outra correção, 9:33. Eu não disse que só o Amazônia gosta de sangue. Infelizmente temos uma imprensa no Pará (de forma geral) que gosta bastante. Se fosse o contrário, não precisaria da intervenção do Ministério Público para evitar capas totalmente sanguinárias
Sabes disso!

Anônimo disse...

Leiska, o pior é quando a gente descobre que a violência sai do jornal e entra em casa.

A Emeline foi agredida violentamente, cruelmente, ferozmente, e vários outros "entes", neste último domingo (02/08), quando saia de uma lan house na 14 de abril (entre magalhães e josé malcher).

O fulano não queria assalta-la. Queria bem mais que isso.

Ele bateu tanto nela, mas tanto, que a menina tá parecendo um lutador de boxe quando sai de uma luta: o olho esquerdo não abre, o nariz fraturado, o maxilar fraturado e o rosto extremamente machucado. Ele caprichou nos socos. E deu só na cabeça e no rosto. Não bateu no restante do corpo.

Estamos arrasados. Chocados. Machucados.

Nunca somos capazes de nos imaginar em uma história como essa. Mas aconteceu na minha casa, na minha família e com a nossa "filha" de 18 anos (mas com aparencia de 15).

Sabe o que dói também? A omissão. As pessoas estão acostumadas a verem mulher apanhando na rua. Tanto que ao verem o que a Eme tava passando, fecharam seus portões.

Minha menina foi valente. Ela lutou. Se defendeu como pode naquele corpo esguio e "frágil".

Beijos
Thica.

Anônimo disse...

Minha querida,

Textualmente: "Só para citar como exemplo, nesta segunda-feira, o caderno de Polícia do Amazônia Jornal (que adora um sangue!)". Ou eu não sei mais ler?

Belenâmbulo disse...

Quando eu tinha assinatura do Diário do Pará (que fiz só para ganhar a cama-box da Ortobom), também ficava surpreso com a quantidade de flagrantes, perseguições bem-sucedidas e casos resolvidos pela polícia. A dúvida que surgia era: a polícia foi eficaz ou o bandido é que é muito azarado?

. disse...

Querido 21:28, como tenho certeza absoluta que estás muito longe de ser um analfabeto funcional, sabes também interpretar o que lês. Neste caso...
E beijos pra vc, mesmo encrencando comigo!

. disse...

Thica, puxa, que coisa horrorosa!! Estou completamente chocada!!
Que situação escrota!!!!!

É, nêga, vivemos num mundo hoje tão cruel que nêguinho tem a coragem de fechar as portas ao ver uma garota sendo agredida na rua.
Tá foda, mana! Tá muito foda!

Anônimo disse...

Mas o sangue não é do jornalismo, é da sociedade. No meu entender a censura prejudica o entendimento da vida que levamos. Temos que combater os crimes, não as notícias do que acontece ao nosso redor. Nesse caso específico, a descrição de como ficou o rosto da menina é uma verdadeira fotografia, era bom que víssemos o que estamos fazendo com os nossos semelhantes, sem dourar a pílula, sem maquiagens e proibindo a exposição da verdade..

. disse...

Oi, 09:52!
Você está corretíssimo! Mas alguém falou em "maquiar a verdade?"

Anônimo disse...

Eu estou falando. O esconde-esconde das imagens não deixa de ser maquiagens, que escondem os defeitos da sociedade.

Anônimo disse...

Se o estado não é omisso com a segurança, não sei quem é. Moro e trabalho no centro da cidade. Outro dia fiquei sem carro e quase fui assaltada perto de minha casa. Vários colegas de trabalho já foram assaltados próximos do trabalho e tentam sair em grande número pra se precaver.
Eu ando bastante pelas ruas de Belém, tanto durante o dia, quanto à noite e sinceramente, vejo pouco ou nenhum policiamento e morro de medo de ser assaltada. Em minha opinião, o estado é sim omisso e não dar a devida atenção à segurança. Coitados de nós.

. disse...

Anônimo 16:24, tu achas que a imprensa esconde imagens da socidade??? Nossa!!! Eu tenho completamente outra leitura. Acho até que não nos poupa do que deveríamos ser poupados, como aquelas capas sanguinárias, que em nada acrescentam em nossa vida.


E Anônimo 16:48, ninguém disse que o Estado não é omisso, meu bem. O meu post foi apenas da minha surpresa em perceber que quase todo o noticiário policial retratada ações eficazes da polícia, o que me faz concluir que tem havido acertos nessa área.
É apenas isso.

Anônimo disse...

o esconde-esconde das imagens sanguinárias do nosso dia-a-dia é a censura imposta aos jornais. Na proibição - justificada candidamente ou porque dá arrepios ou que os retratos da sociedade não acrescentam nada e por aí vai. Mal camuflada a intenção de não se deixar ver o que realmente acontece ao redor. Bom para poucos, terrível para quase todos.

Anônimo disse...

Estamos falando de esconde-esconde da censura na imprensa. Ora, não poder exibir sangue de facadas porque dá friozinho no estômago, arrepia. É a cara da sociedade sem maquiagem. Não querem nem ver. Tá bom, então.