sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Sim, eu sou dona do meu corpo. E daí?

Esse discurso do "direito da mulher sobre seu corpo" para justificar a legalização do aborto - para além do que a justiça brasileira já garante* - me arrepia, sobretudo, pelo egoísmo extremo que ele carrega.

O direito que nós, mulheres, temos ao nosso corpo é o mesmo que temos para evitar uma gravidez. Temos direito sobre o nosso corpo pra fazer o que quisermos: transar com quem quisermos, usar a roupa que quisermos, tatuar o quê e onde quisermos e tudo mais que implique sobre a NOSSA vida. Afinal, o corpo é nosso!

 
Agora, abortar sob o pretexto de "sou dona do meu corpo", é demais pra minha cabeça!


Salvo as exceções do estupro, anencefalia e outras que a legislação já ampara, me soa cretino o argumento de amputar uma vida que você carrega dentro de si pelo fato de "ser dona do seu corpo".

Minha amiga, é fato que muitas mulheres engravidam indesejadamente, mas se aconteceu, chame o pai e arquem com as consequências. Fácil não é! Mas temos que ser adultos e bancarmos a nossa história. O pai virou as costas pra você? Ele foi covarde? Recorra a amigos, vizinhos, parentes. Não tenha medo de expor. Certamente alguém há de te ajudar...

E sempre que vejo um homem corroborando com esse argumento "A mulher é dona do corpo dela" eu fico ainda mais indignada. É muito fácil pra um cara se esconder atrás do discurso pseudofeminista e empurrar a conta da paternidade indesejada pra mulher. Dizer "querida, você é dona do seu corpo. Fique livre para agir como quiser". E me incomoda ainda mais o fato de os homens que se apropriam desse dircurso serem exatamente aqueles politizados, engajados e que têm a certeza de que estão contribuindo com um mundo melhor para as mulheres ao defenderem esse papo de "a mulher é dona do seu corpo". 

Não, obrigada! Esse tipo de ajuda militante eu dispenso, colega!

E falo tudo isso com a tranquilidade e a experiência de ser mãe de duas crianças que não vieram ao mundo de forma planejada. Ao contrário. Vieram em momentos de grande mudança e turbulência na minha vida. Mas e aí? Ia tirar as crianças "porque sou dona do meu corpo"? Eu seria muito egoísta...

Como feminista que sou, acho que os nossos esforços devem ser canalizados para a exigência de políticas públicas amplas e eficientes de conscientização do sexo seguro e de planejamento familiar, para evitar que tantas mulheres engravidem de forma indesejada e fiquem num desespero tamanho a ponto de quererem matar os próprios filhos que carregam dentro de si. 

Temos que nos unir pela vida. Isso, sim!

*Estupro e risco de vida da mãe

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