O primeiro contato que tive com Ana Júlia Carepa foi em 1999, durante o primeiro julgamento do massacre de Eldorado do Carajás. Eu era estagiária na extinta Província do Pará e estava auxiliando na cobertura do caso de repercussão internacional. O julgamento aconteceu no auditório da Univerdade da Amazônia e Ana Júlia, então vereadora de Belém, estava entre os que acompanhavam a sessão atentamente. Em algum momento, que eu confesso não recordar detalhes, ela se levanta e faz um verdadeiro motim contra o que acontecia na Tribuna.
Naquela época eu ainda era militante do PSTU e achei a postura dela admiravelmente combativa. Mas vi que meus colegas jornalistas quase todos criticaram a ação, dizendo ter sido uma atitude em busca de holofotes. Fiquei com isso na cabeça.
Voltei a ter contato com Ana Júlia somente 7 anos depois, quando fui convidada, já no 2º turno, para integrar equipe de TV da campanha que a elegeu governadora. Acompanhei de perto a força de vontade, a garra e a determinação daquela mulher tão debilitada fisicamente, mas capaz de nos dar uma força inigualável. Tive a oportunidade de ver que Ana Júlia era, sim, uma guerreira. Gestos exegerados são apenas sintomas de uma personalidade muito expontânea.
Após a campanha voltei para São Paulo, lugar de onde não queria sair tão cedo. Morava lá há mais de 4 anos e estava feliz com a minha vida. Tinha um ótimo emprego, vivia bem, amava a minha vida, não fosse a recente separação do marido, que me fazia ter crises de solidão com a Dalila, com apenas 3 anos.
No primeiro mês de administração, veio o convite para fazer parte da equipe de comunicação do novo Governo. Inicialmente descartei a idéia. Jamais queria voltar a morar em Belém. Veio a segunda proposta e a pressão da família. Para não desistir, não pensei duas vezes. Enchi duas malas e uma semana depois desembarquei em Val de Cans.
Mais do que roupa minha mala trazia esperança e empolgação. Era excitante o desafio de trabalhar num novo projeto, de ajudar a construir algo novo para o meu amado Estado. Inicialmente foi muito frustrante. Via que as coisas seriam muito mais dificéis do que parecia. Eram muitos vícios de mercado e muitas amarras internas e externas.
Mesmo assim, eu me lembrava da garra daquela mulher e aquilo me motivava.
O aniversário de Ana Júlia, comemorado hoje, marca pra mim o fim de seu Governo, no qual tive o prazer de trabalhar durante 3 anos e meio. Tive muitas frustações, muitas angústicas, muitas decepções. Mas também foi uma época de muito aprendizado, reflexões e orgulho. No geral, foi uma honra poder ter trabalhado para um Governo que inverteu prioridades no Estado. Que trabalhou firme pela tão sonhada verticalização de nossa produção mineral. Que foi capaz de mexer em estruturas complicadas, como a fundiária. Que reconheceu o valor dos servidores públicos como há anos não se fazia por aqui. Que levou investimentos para TODOS os 143 municípios paraenses, mesmo aqueles que nunca tinham visto a figura de um governador. Que deu voz à socidade através de tantos mecanismos de participação popular.
Infelizmente, Ana Júlia não conseguir fazer tudo que sonhava em 2006. E eu não me proponho em ficar apontando culpados. Quero apenas ratificar o meu carinho, apreço e admiração por essa mulher incrível que aniversaria hoje. Desejo do fundo do meu coração que os sonhos dela para o Pará um dia possam se tornar realidade e que a experiência que ela teve possa ajudá-la a separar o joio do trigo.
E como ela sempre diz "não há vitórias sem luta"!
Feliz Aniversário, Ana Júlia!
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