domingo, 22 de junho de 2014

Rompimentos libertadores

Como bem disse um dia o poeta Mário Quintana "Bendito quem inventou o belo truque do calendário, pois o bom da segunda-feira, do dia 1º do mês e de cada ano novo é que nos dão a impressão de que a vida não continua, mas apenas recomeça."

É exatamente essa a sensação que me toma a cada aniversário. Estou tendo a chance de recomeçar.

E como tenho o hábito de em todos os anos relacionar as conquistas, derrotas e desafios a alcançar, consigo mensurar quase que exatamente onde avancei, estacionei ou até mesmo regredi.

A aproximação deste 22 de junho encheu meu peito de um estranho vazio. Medo, receio. 
Lembro como se fosse ontem que às vésperas da mesma data no ano passado, eu estava eufórica e cheia de mim. Programei comemoração e encontro com gente querida. Me emocionei em vários momentos ao longo daquele 22 de junho de 2013, com tantas manifestações de amor, declarações de afeto, ligações de gente querida.

Já neste ano, eu queria estar escondida no meu personagem real: o da menina apavorada, encolhida no canto do quarto. (Ou vocês acreditam mesmo nessa figura risonha e falastrona aparentemente segura que circula por aí? Um blefe, meu povo! Um blefe.)

É bem verdade que o meu black dog anda com o peito estufado influenciando em grande parte essa escolha. Mas há também muito da minha opção de vida no último ano. Se eu tivesse que escolher uma palavra para marcar meus 33 anos, ela seria "rompimento".

Rompi com tanta coisa no último ano, que acho que ainda estou velando algumas delas. Mesmo que muitas tenham sido para o meu bem, é difícil desapegar de anos de vícios, escolhas equivocadas, hábitos distorcidos. 

Talvez eu tenha rompido até comigo mesma. Com aquela "eu" que me fazia mal ao entrar em disputas desnecessárias, ao se apaixonar demais, ao se expor desmedidamente, ao se entregar aos prezeres efêmeros como se não houvesse amanhã, ao querer abraçar o mundo com os curtos braços que têm, ao querer tomar para si as dores do mundo.

Tenho a impressão que chego aos 34 anos sendo outra "eu". Com os mesmos sonhos, mesma alegria, mesma disposição pra auxiliar o outro, mesma vontade de mudar o mundo. Mas tentando me livrar de tudo aquilo que um dia me maltratou, me subjugou e me adoeceu.

O caminho é longo e até lá eu talvez ainda sinta saudade do que ficou. Talvez... Porque estou me afeiçoando muito a essa nova pessoa que a idade e o conhecimento tem apresentado. 

Espero de coração que no texto de 35 anos eu seja de novo só comemoração. Num novo estilo, mas só comemoração.

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PS1: Seria injusto não registrar que neste ano eu também recebi muito carinho em ligações e mensagens que chegaram de Norte a Sul do país. =D

PS2: Não posso deixar de registrar que meu dia hoje teve um quê de especial graças aos amigos queridos que me resgataram de exílio social voluntário.


Neyla, Pat, Fabíola e Gui encheram meu dia de amor no sempre especial lar dos tios Sérgio e Nanci e do Gus.








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