Enquanto enrolávamos brigadeiro, Dalila surge com um assunto antigo sobre o qual conversamos semanas atrás: todo mundo tem defeito.
- Mãe, o Ciro não tem defeito. - Disse, referindo-se ao seu melhor amigo da escola.
- Claro que tem. Você disse ainda agora que ele anda brigando com todo mundo por ciúmes de você. Isso é um defeito.
- É... é verdade.
- Mas eu conheço uma pessoa que não tem defeito.
- Quem?
- A minha mãe. - Falou com um terno sorriso e vindo me dar um beijo.
- Ah, a mamãe tem defeito, sim. Você não reclama, às vezes, que eu sou muito estressada. Ser estressada é um defeito.
- Mas, mãe, a senhora não é estressada. A senhora fica às vezes porque tem muita coisa na cabeça. Muito trabalho, cuida de mim, aqui de casa. É só por isso. A senhora não nasceu estressada. As pessoas que estressam a senhora. Eu é que tenho esse defeito. Ainda sou criança e vivo me estressando. Acho que nasci assim.
Depois de beijá-la muito e explicar que não era bem assim, ela foi ainda mais fundo.
- É, realmente todo mundo tem defeito. O mundo tem defeito. O planeta tem defeito.
Decidi instigar.
- O planeta tem defeito? Qual, Dalila?
- Ora, mãe, se todo mundo tem defeito, o planeta é cheio de defeito, porque quem faz o planeta? As pessoas, né? O mundo tem muitos defeitos por causa das pessoas.
E depois de tudo isso, eu fico ainda mais apaixonada e tenho certeza que, aos 6 anos, ELA É PERFEITA!
3 comentários:
Elas podem até não ser perfeitas, mas que preenchem totalmente as nossas vidas, isso com certeza!
Se pensam assim aos 6 anos, o que não farão no futuro, se formos capazes de educá-las corretamente?
Eu acho muito lindo uma criança chamar a mãe de "a senhora". Acho muito lindo a imagem de uma mãe e uma filha enrolando brigadeiros. é só isso que tenho pra dizer. bjs.
Adorei o texto. Assim como adoro vocês duas.
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