sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Ao atacar a médica cubana de bêbada, o deputado Zé Geraldo só ratifica seu comportamento machista

Na tentativa defender o Mais Médicos, o deputado federal Zé Geraldo (PT-PA) fez um discurso, nesta quinta-feira (6), desqualificando a médica cubana que pediu para ser descredenciada do programa.

O parlamentar disse, no plenário da Câmara federal, que Ramona Rodriguez "não vai fazer falta" porque bebia e não era aceita nem pelos colegas cubanos que também vieram para o Brasil participar do Mais Médicos. 

"Essa médica foi vista várias vezes totalmente embriagada, a ponto de que nem seus colegas cubanos querem ela mais lá. [...] E estou aqui com uma nota do Presidente do Conselho de Saúde do Município de Pacajá, esclarecendo que esta médica não faz falta nenhuma lá naquela cidade".


Eu, particularmente, não concordo com a método adotado por Ramona Rodriguez para sair do programa. Se ela estava insatisfeita - direito legítimo como trabalhadora que é -, deveria procurar a coordenação do Mais Médicos ou a Prefeitura de Pacajá (PA) e pedir seu desligamento. O problema é que ela já vinha com intenções de partir para Miami, conforme vem sendo apurado por jornalistas locais. O jornalista Hiróshi Bogéa, por exemplo, relatou hoje em sua página no facebook que tem conversado com a população local e com colegas de trabalho de Ramona. 

Em Pacajá, pessoas que tiveram aproximação com a médica fujona Ramona Rodrigues começam a soltar informações de que ela às vezes falava em "arranjar um jeito" de viajar pra Miami. "hum amor me espera", costumava repetir, nas conversas com servidores do posto onde trabalhava. Em tradução mais livre: -um amor me aguarda".

A postura de Ramona gera estranheza e acabou enfurecendo os defensores do Mais Médicos. Em ano de eleição, a médica se permitiu servir de garota-propaganda contra o programa para ninguém menos que o deputado federal DEMO Ronaldo Caiado (GO), que fez um verdadeiro circo com a história da cubana que trabalhava no Pará. 


Os fins nãos justificam os meios

Além do trecho citado acima, o deputado federal Zé Geraldo também questionou na tribuna da Câmara federal o fato da médica cubana passar muito tempo na internet em namoro virtual e em comparecer a festas na cidade de Pacajá. Tudo para justificar que "ela não fará falta na cidade".

De fato, a tática adotada por Ramona Rodriguez para encontrar seu amor em Miami é um tanto questionável, haja vista que tudo leva a crer que houve má fé por parte da médica. Porém, não me parece que isso dê direito ao deputado Zé Geraldo, nem a qualquer outro cidadão brasileiro, de xingá-la pelo fato da mulher beber, ter um namorado com quem mantêm contato pela internet, muito menos por frequentar festas.

Aí, que eu vejo alguns colegas na internet se dizendo surpresos com a postura machista do deputado petista, eleito pelo Pará. Ora, meus caro, eu confesso que não me espanto. Zé Geraldo é o tipo de homem que olha pra nós, mulheres, com aquele olhar de perfurar a roupa e já ouvi relatos de colegas mulheres que se sentiram incomodadas com isso. Eu mesma já passei por uma situação muito constrangedora com esse senhor em viagem em 2006, quando trabalhava no 2º turno da campanha de Ana Júlia para governadora. Viajávamos pelo Oeste do Pará num pequeno avião bimotor, percorrendo os municípios da região. O "nobre" deputado sentava atrás de mim e tentou a todo custo passar a mão em mim, até que eu fiz um pequeno alarde. "Está acontecendo alguma coisa, deputado? Dá pra o senhor parar de me cutucar?"

Lembro até hoje da expressão de advertência da então senadora Ana Júlia olhando pra ele.

E, sabe, Zé Geraldo, eu sou mãe, trabalhadora, jornalista, sindicalista. Bebo quando tenho vontade, tenho um namorado que mora longe e por isso passo horas na internet com ele. Nada disso, certamente me desqualifica profissionalmente.

E se o médico "fujão" fosse um homem? Ele seria desqualificado profissionalmente por beber, ir a festas ou ter uma namorada virtual?

Como membro histórico de um partido que ainda se pretende de esquerda, ajuste-se!

Você está na contramão da história. Ou já esqueceu que a nossa querida Ana Júlia foi vítima dos mesmo preconceitos machistas que estás tendo quando foi governadora do Pará? Que ela também foi vítima da boataria e dá língua cretina de gente sem escrúpulos?

Lamentável que a bancada do meu estado tenha gente assim. Lamentável!

Pare proferir ideias machistas e preconceituosas!

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