terça-feira, 16 de outubro de 2018

Levantem essa cabeça que ainda tem chão. Ainda dá!

Não à toa vejo que as postagens mais pessimistas - e em alguns casos até derrotistas - vêm de amigos que já nasceram classe média. Eu entendo e não os julgo.

Quem nunca precisou desde moleque acreditar que algo pode ser diferente, que ainda dá, não sabe como é "forçar uma barra" pra vencer.

"Ainda dá pra enfrentar a lei física de que dois corpos não ocupam o mesmo espaço e entrar nesse ônibus entupido".
"Ainda dá pra desfiar mais esse frango e render mais esse almoço".
"Ainda dá pra andar mais um pouco e economizar o dinheiro de uma condução".
"Ainda dá pra tingir mais essa roupa e usar por mais tempo".
"Ainda dá pra aguentar mais um pouquinho a fome e comer de tarde pra segurar almoço e janta de uma vez".
"Ainda dá pra costurar esse mochila e aproveitar pra o ano que vem".
"Ainda dá pra sonhar que eu posso mudar de vida".

Quem cresceu dando um jeito e matando um leão por dia sempre acha que ainda dá. Olhem ao redor de vocês!

Levantem essa cabeça que ainda tem chão.

Ainda dá, mores!
Ainda dá!

#HaddadPresidente
#MenosArmasMaisLivros
#LutarPelaDemocraciaAtéOFim

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Chega de bastidor. A gente quer o microfone!

Nós, mulheres, sempre fizemos os bastidores pra os homens brilharem sob os holofotes. Seja num jantar em casa, um evento da empresa, um trabalho acadêmico, uma atividade militante. Nos acostumamos a cuidar de tudo, preparar, secretariar.

A gente organiza, planeja, prepara o cafezinho, os convites, a mesa. Na hora, os homens pegam o microfone e dão o show. Muitas vezes, até o que eles dizem foi preparado por uma mulher.

Já passou da hora disso mudar As mulheres podem seguir fazendo os bastidores (se quiserem), mas precisam também estar sob os holofotes, mostrar a cara, falar com a sua própria voz. Não tenham medo, migas! Temos que botar a cara no sol!

PS: E, meninos, aprendam que o microfone, a cabeceira da mesa e o protagonismo da conversa da sala de jantar não podem mais ser ser só de vocês. 

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Bora dividir a vida e os sonhos?

Não importa qual o apuro, sempre aparece alguém pra me dar uma ajuda.
E me lembro de ser assim desde a infância. Minha vida sempre foi cheia de gente generosa.


Eu devia ter uns 12 anos quando ouvi a minha mãe dizer “A gente nunca tem pouco o suficiente que não possa dividir”. Ela resumiu numa frase tudo que cresci vendo ela e minha avó fazerem: dividir.


Nesses 38 anos de vivência como Waleiska na Terra, já dei muita cabeça, cometi muitos erros, machuquei um tanto de gente, dei trabalho pra mais um bocado. Mas tenho tentado exercitar todos os dias a dádiva da divisão.


Dividir alegria, dividir sorriso, dividir uma marmita, dividir a luta, dividir carona, dividir conhecimento, dividir despesas, dividir felicidade, dividir os sonhos, dividir o limite do cheque especial. E por que não dividir também as tristezas e as preocupações de alguém? Chega aí, conte que a gente buscar uma solução.


Sei que isso parece papo namastê, mas se eu pudesse escolher uma palavra pra marcar essa minha passagem de ano seria GRATIDÃO. Não essa palavra solta de modinha de rede social.


Falo daquela gratidão que enche o peito, que emociona, que faz chorar. Porque se eu passei perrengue nessa vida, os fardos sempre foram suavizados por muitas mãos amigas.


Esse coraçãozinho é pra todos vocês que fazem parte dessa caminhada. Espero poder ainda comemorar esse 22/06 por muitos anos. Até lá, bora dividir a vida e os sonhos, meu povo!


terça-feira, 20 de março de 2018

Gratidão às mulheres pretas

Pra mim, militância é muito mais do que querer ~transformar o mundo~. É preciso estar disposto a mudar a si mesmo.

É ter o direito de falar o que pensa, mas estar disposto a ouvir e a assimilar.

Estou longe de ser um exemplo de militância. Nos últimos 6 anos, tenho feito um esforço enorme pra aprender sobre muitas coisas na vida, muitas sobre as quais eu já tinha uma "opinião formada".

Às vezes, aprendo com amor. Outras, na porrada mesmo.
Às vezes, é uma aprendizagem de boa. Noutras dói um monte.

Nesse processo de aprendizado, que há durar por toda a minha vida (assim espero), tem um grupo a quem devo muitas "lições": o das mulheres pretas.

Porque eu sou negra da pele clara. Se eu já sofri um preconceito aqui ou acolá sei que não é milésimo do que passa uma mulher preta, que todo dia se vê obrigada a provar pra alguém que pode, que é, que tem direitos, que tem capacidade.

E segue a luta (sobretudo, interna).

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

A razão pode estar em lados opostos

Dalila aos 5 anos:
- Mãe, você sabia que Papai Noel não existe, né?
- Sério? Como sabes?
- Mãe, o Papai Noel é só um emprego para senhores velhinhos sem trabalho na época do Natal. Vi no jornal.

Tarsila aos 6 anos:
- Mãe, porque o Papai Noel não entrega mais presentes pra Dalila?
- Não sei.
- Ela só ganha o presente de você e da família. O Papai Noel não deixa presente pra ela debaixo da cama igual o meu.
- Não sei porquê. Vamos investigar.
- Acho que ela não ganha porque ela não acredita nele. Ela já me disse que não acredita. Claro que ele existe! Que boba!

O pior é que as duas têm razão.
😂😂

terça-feira, 31 de outubro de 2017

"Ela rejeita a si mesma, né?"

- Mãe, passou na TV que uns meninos não deixaram uma menina brincar de futebol só porque ela era menina. Eles disseram que menina não pode jogar.

- Ah, isso não é legal. Meninas podem jogar futebol, sim.
- Aí, ela chamou eles de machistas.
- Foram machistas mesmo.
- E o que é machista, mãe?
- É quando um menino acha que uma menina não pode fazer algo só porque ela é uma menina, como jogar bola, por exemplo. Às vezes tem meninas que pensam assim também.

Ela arregala os olhos.

- Ah, mas a menina que pensa assim, ela rejeita a si mesma, né?

Tarsila. 6 anos e 6 meses.
Tenho testemunhas. As palavras foram exatamente essas.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Aprendam, adultos!

Dalila e eu conversávamos sobre um amigo dela que fez uma piada racista que a incomodou.

Tarsila, 6 anos, escuta a conversa e, como sempre que falamos algo que ela não entende, pergunta:

- É quando alguém faz uma piada sobre a raça de outra pessoa.
- Não entendi.
- É quando alguém faz uma piada com a cor da pele de outra pessoa.

- O que é piada racista?

Ela faz uma cara de estranhamento, sacode a cabeça e solta:

- Mas o que a cor da pele tem a ver com piada?

Aprendam, adultos!

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Quase toda (ou seria toda?) mulher já sofreu alguma violência que invade seu corpo

Acochada no transporte público
Beijo forçado
Passada de mão na balada
Amigo dos pais ou parente que passou a mãe em ti quando criança
Olhares invasivos para o teu corpo
Assédio na rua
Assédio no trabalho
Ouvir cantadas pornôs de estranho
Sexo sem consentimento.


A lista é infindável. Posso enumerar sem forçar a memória outras tantas.

Tu, mulher que está lendo isso, certamente vais lembrar de alguma vez que sofreste algum tipo de violência sexual.

Infelizmente, quase toda (ou seria toda?) mulher já sofreu alguma violência que invade seu corpo.

E eu, como mãe de duas meninas, tenho um pânico de pensar que uma hora isso também vai acontecer com elas.

Não quero esse mundo pra elas. Não quero pra mulher alguma!

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Pobres meninas...

O patrão oferece a menina pra o colega de trabalho em cadeia nacional.

A menina dá uma resposta curta e grossa de que não está ali pra isso.
O menino insiste e convida - por meio da imprensa - a menina pra passar uma noite com ele.
O patrão não adverte o menino.
Pessoas se divertem com a exposição violenta a qual está submetida a menina.
O patrão ganha dinheiro com o ibope que a história dá.

A violência corriqueira contra as meninas segue seu curso natural.
Ninguém liga.

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Quem vê cara, não vê machismo

"Mas Fulano é machista? Ele é super correto. Não acredito!"

"Vocês viram que a ex-mulher do Beltrano falou o quanto ele era escroto em casa?"

"O Sicrano é um ótimo profissional e muito talentoso. Será mesmo que ele era tão repugnante em casa?"

Miguxs, o machismo não escolhe cara, raça, condição social, formação acadêmica, ideologia. Quase todos nós fomos criados em lares machistas e com hábitos questionáveis.

Quer um exemplo corriqueiro? Rola aquele almoção de domingo, todo mundo come e bebe, mas quem vai limpar as sujeiras que ficaram, enquanto os homens tomam mais uma cervejinha ou fazem uma sesta?

Vamos pra mais um: quando o homem e a mulher são ativistas, militantes ou super ocupados no trabalho e o filho adoece, quem falta a atividade que queria ir pra ficar com a criança?

Só mais um: o casal chega em casa estourado de uma viagem de final de semana com as crias, quem vai desfazer as malas, por roupa pra lavar e ver se tem comida pra o dia seguinte, enquanto o carinha corre pra se estirar no sofá porque está cansado?

Citei três exemplos "leves", mas poderia tranquilamente aprofundar para o cara que oprime psicologicamente a companheira dizendo que está apenas ensinando as coisas pra ela, para o que não paga pensão e negligencia os filhos após a separação, para o que chega em casa e faz chantagem emocional pra mulher transar com ele mesmo que ela não esteja a fim.

"Ah, mas lá em casa é diferente!". Simmmm, é claro que há situações diferentes! Raras, mas há!

O fato é que em quase a totalidade dos lares brasileiros (isso pra ficar só no país) os comportamentos machistas se repetem, vindo até mesmo daquele fulano que você nunca imaginou.

Confesso que nenhuma situação que vem à tona me surpreende. Nossos companheiros foram criados assim e muitos deles não estão nem aí pra isso e não fazem essa autocrítica.

O que nos cabe é nos desconstruirmos, apontarmos os problemas, debatermos em casa, na escola, no trabalho, e tentarmos que uma nova geração não "surpreenda" mais ninguém.

segunda-feira, 27 de março de 2017

Em Belém as vidas valem menos do que em Curitiba?

No meio do ano passado, tia Clarice não aguentava mais as dores de estômago e garganta e não conseguia mais se alimentar. Foi ficando tão magra, que comovia a todos.

Minha mãe mobilizou os parentes que poderiam ajudar e juntos conseguimos pagar os exames que um médico do posto de saúde receitou. Dessa forma, agilizaríamos o diagnóstico e poderia ser iniciado o tratamento.

Em agosto, veio a confirmação: câncer do esôfago. Agosto.

Tia Clarice mora em Belém.

Em dezembro passado, uma amiga também descobriu o câncer. O da Ana é na mama. Ana mora em Curitiba

Em janeiro, Ana fez a retirada do seio direito e, em 8 de março, iniciou a quimioterapia. Tudo pelo SUS.

Se tudo der certo, em breve, ela estará bem como todos ansiamos.

Tia Clarice, lá em Belém, aguarda há sete meses uma consulta com o oncologista para dar início ao tratamento. Ainda aguarda uma chance de sobreviver enquanto a doença avança, enquanto fica cada vez mais debilitada.

terça-feira, 14 de março de 2017

Bom mesmo é ter um companheiro

Meu marido nunca me deu flores, mas leva as meninas pra passear pra eu passar o domingo estudando.
Meu marido nunca me deu chocolate, mas assume tarefas que seriam minhas pra eu ir pra militância.
Meu marido não faz declarações de amor nas redes sociais, mas me presenteia com acessórios esportivos pra eu jogar futebol.
Meu marido é ateu, mas respeita a minha fé em Deus mais do que muitos cristãos.
Meu marido não conheceu as minhas filhas quando elas vieram ao mundo, mas cuida delas melhor do que a maioria dos pais que eu conheço.
Meu marido faz silêncio pra eu dormir até mais tarde quando estou cansada e faz caldinho pra eu recuperar de uma noite cazamigas.
Meu marido fica bravo quando aponto alguma atitude machista que eventualmente pratique, mas evita cometê-la novamente.
Ele é perfeito? Não. Eu também não sou.
Mas ele me estimula pra tentar ser uma pessoa melhor.
Mais que um marido, bom mesmo é ter um companheiro.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

É sempre a pior mentira

Não existe mentira que machuque, maltrate, engane e sequele mais do que aquela que se conta para si mesmo.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Então, eu também posso!

- Tarsila, vem pra cá. Não faça isso.
- Mas o Luís tá fazendo, mãe.
- O Luís é menino.
- Então, eu também posso.
Quando eu me traio, ela me chama pra real. Está funcionando! 😍😍

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Uma relação amorosa tensa, mas bem resolvida

Você arruma um namorado novo que é bonito, que te respeita e te trata bem. Mas ele é meio seriozão, não tem gingado. Às vezes, soa um mala por ser tão certinho.

Aí você insiste em ficar comparando com aquele ex descolado, engraçado, zoeira, que sempre te fez rir um monte, mas com quem a relação sempre foi um caos.

Um dia, você tem revival com o ex e só ali você percebe que aquela esculhambação dele não cabe mais no seu estilo de vida. Você sempre terá carinho por ele e boas lembranças. O amor por ele estará sempre no peito, mas é o seu atual o que você precisa no momento.

Curitiba, te amo.

(Mas as puladas de cerca eventuais com o ex você sempre manterá, afinal, ele transa como ninguém!!)

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Belém, uma doce lembrança do que já não existe mais

Sempre achei que ser paraense é parte do que tenho de melhor. Muito do que sou e do que gosto em mim tem impressões dessa terra.

Mas nas últimas vezes que estive em Belém volto angustiada por ver que ela está ficando cada vez mais distante do que o meu ufanismo saudoso me faz ter orgulho.

O caos e a desordem tomaram conta de cidade numa proporção assustadora. As pessoas não respeitam as leis de trânsito, os clientes, os passageiros dos coletivos.

Ao chegar do Marajó, dois taxistas foram pra disputa física dentro do Terminal Hidroviário, assustando turistas que ali estavam. O taxista que nos levou - que não era um dos brigões - nos fez pagar quase o dobro do que seria a corrida porque não ligou o taxímetro e só vimos na chegada, pois estávamos distraídos vendo a Belém histórica. Eu não pagaria, mas o Mário optou por fazê-lo para evitar confusão.

Um vendedor ambulante me cobrou duas vezes algo que paguei mesmo eu insistindo já ter pago e tendo feito olhando nos seus olhos. Tirei por menos, paguei duplamente pra seguir sem aborrecimento.
Fomos roubados numa festa porque "parecíamos de fora", disseram alguns especialistas no local.

Vimos minha mãe assustada e querendo passar o reveillon em casa por causa do trauma do assalto que sofreu na véspera.Várias vezes precisamos nos esquivar dos sacos de lixo nas calçadas, depositados pelos cidadãos que deveriam cuidar dessa cidade.

Dirigíamos apavorados com medo que um dos loucos que avançam sinal ou andam na contramão (em Ananindeua tem um monte) batesse no carro que um amigo generosamente nos emprestou.

Foram dias gostosos, cheio de amor, mas tensos, tendo que nos esquivar da irresponsabilidade e má fé o tempo todo. Férias não deveriam ser assim, né?

Os sabores, a cultura, as gargalhadas e o amor à família e aos amigos tendem a ficar cada vez mais distantes. Cada vez que venho, penso em demorar anos pra voltar. E, sim, isso me dói muito.

E não venha me dizer que todo lugar é assim. Todo lugar não é minha terra natal, todo lugar não é pra onde eu quero voltar em paz.

Em tempo: o Marajó continua perfeito. 

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Qual o problema?

- Qual o problema?

Foi a pergunta da Tarsila ao ouvir a conversa entre duas mulheres sobre o espanto com fato de uma delas agora namorar outra mulher.

- Não tem problema. É que ela antes namorava um homem. Respondeu.

- Tá e qual o problema? - insistiu a pequena.

Acho que tô criando direitinho... <3 span=""> <3 span=""> <3 span="">

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Consciência infantil

- Mãe, posso escrever uma carta pra o Papai Noel?
- Claro.

10 minutos depois, com aquele ar angustiado, testa franzida:

- Não vai dar certo. Eu não fui uma boa menina. Eu fiz muita tolice, briguei demais.
- Diga que você está arrependida e que vai tentar não fazer de novo.
- Eu já disse isso pra ele no shopping e não adiantou. Lembra do que eu fiz ontem?

Tarsila, aos 5 anos, já é mais consciente das próprias cacas que muito adulto que eu conheço.
É, sim.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

A morte do adolescente em Curitiba não é culpa das ocupações

A morte de Lucas Eduardo, 16 anos, ontem, numa escola ocupada em Curitiba é parte do que acontece todo dia nas periferias das grandes cidades: jovens morrendo pela violência, muitas vezes, com envolvimento com drogas.

Mas Lucas morreu dentro de uma escola palco de disputa política. Isso deu pra morte dele outra dimensão. A tragédia que acomete a família desse menino passou a servir de arma contra um lindo e inspirador movimento, que tem demonstrado que a juventude pode e deve ser protagonista de grandes transformações.

Na ocupações, eles estão cuidando das escolas como o Estado não faz; estão tendo acesso a aulas que o Estado não garante; estão debatendo questões que muitas vezes são tabu dentro de seus próprios lares.

Sinto certa repulsa quando vejo a forma enviesada e oportunista com que o governo do Paraná - com amplo apoio da imprensa tradicional - usa a morte de um adolescente que foi, na verdade, mais uma vítima da violência pra qual o próprio Estado não tem resposta a contento.

Pela memória de Lucas Eduardo e por todos os jovens pobres desse país, é preciso seguir a luta!

terça-feira, 18 de outubro de 2016

E se já existisse o Escola Sem Partido?

Eu tinha 13 anos quando ouvi pela primeira vez a explicação científica para o fato de minha família e eu passarmos por várias privações materiais, enquanto outras crianças podiam viver na fartura. Foi o Flávio Vasco, professor de Geografia do 12 de Outubro.

Ali, entendi que o mundo que eu queria construir quando crescesse era outro.

Se o Escola Sem Partido vigorasse, talvez eu nunca entendesse que a minha pobreza não era culpa da minha mãe, uma providência divina ou algo imutável.

Viva os professores!

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Vem, Marcela!

O texto abaixo foi escrito pela deputada federal Manuala D'Ávila (PCdoB/RS).



Cara Marcela, 

Quem me acompanha por aqui, ou na vida cotidiana, sabe o que eu penso sobre os cuidados e estímulos na Primeira infância. Tanto que decidimos, Duca e eu, ficar esse primeiro ano com Laura. Decidimos para tornar exclusiva a amamentação até o sexto mês, para prolongar a amamentação por mais tempo (Laura ainda mama com 1a1m), para curtirmos nossa pequena. 
Porém, isso só foi possível pois Duca é um artista que, normalmente, não  trabalha durante os dias em que eu trabalho. Isso só foi possível porque nós dois não temos jornadas equivalentes de trabalho, não somos "CLT", pois eu posso viajar para o interior com Laura. Isso só foi possível porque nós somos dois, não sou sozinha nessa aventura. Isso só é possível porque eu tive acesso a toda informação sobre a importância da amamentação e,também, porque  não ouvi de uma creche que era impossível armazenar leite materno ou que meu leite é fraco. 

Mas, escrevo  apenas  para dizer que sim, o programa Criança Feliz, coordenado por ti, Marcela, pode ser importante. 

PORÉM, são muitos os poréns. 
Não vou falar sobre a volta do primeiro damismo, esse papel secundário, decorativo, destinado a ti e a todas as mulheres nesse governo golpista. 

Quero falar sobre maternidade, sobre não termos receitas, sobre criação com apego, sobre violência obstétrica, sobre creches, educação infantil, horário de atendimento em postos de saúde. Quero falar sobre licença maternidade de quatro meses e paternidade... bem, ser apenas licença hospitalar! 

A absoluta maioria das mulheres, Marcela, torce pra conseguir uma vaga em creche quando o bebê tem 100 dias para fazer a adaptação nos últimos 20 da licença. Outras, passam o dia angustiadas, pois deixam uma "vizinha" cuidando do bebê em ambientes não adequados. 

A média desmama aos 56 dias (aliás, por que  você não falou em amamentação? A indústria não gosta?). Muitas mulheres são demitidas ao voltar. Ou pior: quando faltam o trabalho para pegar a ficha no posto de saúde. E seu marido, Marcela, ainda quer congelar os gastos em saúde e educação com a  PEC 241. Imagina!!

Marcela, sei que muitas mulheres tornam-se empoderadas ao se depararem com a realidade. Vi isso acontecer muitas vezes nessas quase duas décadas de militância. Veja as crianças como se fossem o seu filho! Tu sabes que elas precisam, sim, de cuidados. E, para isso, precisam também do Estado. 

Esse Estado que seu marido quer "congelar", destruir. Esses gastos públicos que ele quer congelar são a creche de um bebê igual ao Michelzinho. São a consulta pediátrica de uma bebê igual a Laura. 

Sabe, Marcela, é muito bom cuidar da Laura. Muitas mulheres, como você, optam por não trabalhar, eu as respeito. Outras, como eu, trabalham, estudam e cuidam dos filhos. Eu respeito a todas as nossas escolhas.

Porém, precisamos saber que para a imensa maioria não há escolha. A volta ao mercado de trabalho é uma imposição. E eu preciso te alertar: crianças não são felizes sozinhas. Crianças são cuidadas. Esses cuidados passam por mães e pais que não podem trabalhar doze horas por dia! Que não podem ter seus direitos submetidos a negociação em plena crise! Essas crianças serão felizes com educação e saúde públicas de qualidade. Se a crise aumenta, mais esses pais trabalham, se não há direitos trabalhistas, mais frágeis ainda são essas mães no mercado de trabalho, se hoje achamos ruim quatro meses de licença, podemos seguir o caminho dos EUA que, simplesmente, não a concedem. 

Marcela, vem com a gente lutar pela felicidade de nossas crianças. Vem com gente lutar contra a ampliação da jornada de trabalho, contra a PEC 241. Vem com a gente lutar por uma sociedade em que mulheres e homens possam cuidar mais de seus filhos.

Manuela d'Ávila

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Criança feliz a que custo?

O texto abaixo é da fanpage Quartinho da Dany.
Coloquei aqui porque quero tê-lo sempre à mão. 
Leiam!

Após ler algumas notícias sobre o programa “Criança Feliz”, acho necessário fazer alguns apontamentos sobre como é o discurso utilizado para colocar a mulher emseu devido lugar.
Na Folha, fizeram questão de deixar bem claro que o tom do discurso de Marcela foi EMOTIVO e a primeira-dama fez questão de ressaltar que será um TRABALHO VOLUNTÁRIO, SEM REMUNERAÇÃO. O tom de seu discurso também foi descrito como PAUSADO e PROFESSORAL. No G1, enfatizaram que Marcela é JOVEM e MÃE. No Estadão, seu tom foi descrito como MATERNAL e ela também destacou a importância do INSTINTO MATERNO.
Resolva as questões:
1.Destaque todas as palavras utilizadas no texto acima que estão em caixa alta:
Resposta: EMOTIVO, TRABALHO VOLUNTÁRIO, SEM REMUNERAÇÃO, PAUSADO, PROFESSORAL, JOVEM, MÃE, MATERNAL e INSTINTO MATERNO.
2. Explique como essas palavras estão ligadas no mesmo campo semântico:
Resposta: Todas as palavras fazem parte do campo semântico do papel feminino da mulher-mãe na nossa sociedade patriarcal.
3. Com suas palavras, disserte sobre os atributos destacados da primeira-dama para exercer um trabalho relacionado a crianças:
De acordo com a seleção de palavras, para trabalhar com crianças, é preciso ser jovem, emotiva, professoral e maternal, pois o papel da mulher na nossa sociedade é apenas cuidar do lar e dos filhos. Não é à toa que boas professoras retratadas na mídia seguem este padrão (maternal-jovem-emotiva). Para citar um exemplo, a Professora Helena de Carrossel eternizou, nosso imaginário, o que é ser uma boa professora querida pelos alunos. Tanto é que costumamos chamar a professora do Infantil de “tia”, alguém praticamente da família, maternal, que nem precisa ganhar tanto assim para cuidar dos “sobrinhos”. Além disso, não é coincidência não existirem professores homens atuando na Educação Infantil. Homem não tem o tal “instinto maternal”. A ênfase em Marcela ser mãe é um recado muito bem dado: quem cuida das crianças é a mãe. Ela - somente ela - com seu instinto maternal e tom pausado (tem que ser calma e emotiva) é capaz de ser a (única) responsável pelas crianças: quem pariu Mateus, que o embale. Mães, professoras, babás, avós, sogras e cuidadoras em geral são destinadas a um papel específico na sociedade quando o assunto é criança, cuidar delas. E esse trabalho deve ser “voluntário”, “sem remuneração”, porque estamos apenas fazendo a nossa parte, a nossa obrigação, ao colocar o tal do instinto materno em prática. Não precisamos de remuneração. Os homens - ministros, presidentes, prefeitos, deputados - saíram à caça de comida por nós. A partir dessas reflexões, podemos imaginar por que todas as profissões ligadas ao cuidado infantil são tratadas como menos importantes e indignas de remuneração decente. Professoras, babás, mães e empregadas domésticas - funções quase que exclusivamente femininas - não precisam de (boa) remuneração. Aos homens, os ministérios. Às mulheres, o cuidado infantil VOLUNTÁRIO.
4. Deixe um recadinho do coração ao novo governo:
Prezados, engulam esse instinto materno! Da mesma forma que homens não sabem ser pais, a gente também não sabe ser mãe. A diferença é que alguém precisa se responsabilizar pelas crianças e isso acaba caindo no nosso colo. Nós aprendemos a duras penas como é cuidar de uma criança. E não é por causa do instinto materno. É porque aos homens nunca coube essa função enquanto nós somos ensinadas desde crianças que nós brincamos de bonecas, mamadeiras, casinha, vassoura, fogãozinho e lava-louça. A eles, carros, ferramentas, fantasias de super-heróis, blocos de engenharia e roupa de astronauta. Não necessariamente somos emotivas, calmas, carinhosas e professorais. Podemos ser assertivas, duras, determinadas, ousadas, valentes, corajosas e firmes. Mas, se assim formos, seremos taxadas de loucas. Ainda bem que estamos começando a conhecer palavrinhas mágicas e uma delas é “gaslighting” (dá um google aí!). Assim, temos certeza de que não somos loucas. Somos humanas. Cuidar de criança é trabalho de todos (“it takes a village to raise a child”). Não queremos e não podemos cuidar delas sozinhas. Nós ficamos sobrecarregadas, adoecemos, enlouquecemos e perdemos nossa identidade. Não queremos mais isso. Professoras querem salários altos compatíveis com sua formação. Elas não são “tias” e não estão fazendo trabalho voluntário. São profissionais capacitadas. Babás e empregadas domésticas querem remuneração e reconhecimento compatíveis com seu enorme trabalho. Mães querem divisão de cuidados 50/50. Não precisamos ser belas, recatadas e do lar. Podemos querer dinheiro, poder, reconhecimento, respeito e, acima de tudo, uma mudança urgente de paradigma. A primeira infância é responsabilidade de toda a sociedade e não só da mãe. Marcela, não convide só “as senhoras primeiras-damas e as senhoras prefeitas municipais” para tratar do assunto. Chama uzómi! As mulheres estão carecas de saber sobre a importância de cuidar da infância. Afinal, somos nós que fazemos esse trabalho VOLUNTÁRIO há tempos.
Querem #CriançaFeliz? Comecem priorizando o parto respeitoso no SUS, disponibilizem bancos de leite para doação de leite e orientação em todas as cidades do país, abram concurso para doulas em maternidades públicas, invistam em creches públicas de qualidade, aumentem o salário dos professores, aumentem o tempo de licença maternidade e paternidade nos estabelecimentos públicos e privados, fiscalizem a merenda de péssima qualidade das creches, regulamentem a propaganda infantil, proíbam alimentos que colaboram pra péssima saúde das crianças dentro das escolas, punam as escolas que desrespeitarem a qualidade da merenda e fizerem teatro com palhaço do Mc, cassem o registro de obstetras com taxas de 100% de cesáreas, fiscalizem as prescrições desnecessárias de leite artificial já dentro da maternidade, multem pediatras que prescrevem leite artificial sem necessidade. Invistam na infância com honestidade. Não joguem mais essa no nosso colo.
E parem de usar a Marcela!
Espero que eu tenha esclarecido tudo num tom ~professoral~ e ~emotivo~.
Fontes:

O dia que eu virei mito

Estava eu parada no semáforo no Centro de Curitiba quando na frente do meu carro passa Deltan Dallagnol, cercado de outros engravatados.

Não resisti. Pus a cara pra fora do carro e gritei "Fala, rei do power point!". Ele olhou, todos olharam, o semáforo abriu.

Mitei.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Sim, eu sou a mãe a Dalila!

Dalila sempre foi diferente. Era um bebê que jogava beijo para os estranhos no metrô, que abraçava morador de rua, que aos 3 anos reclamava se eu não cumprimentasse o segurança do banco, que separava brinquedos ainda na caixa para dar a quem não tinha, que se preocupou sempre se o outro estava bem.
Eu me emociono quando lembro de tantos momentos em que ela me fez uma pessoa melhor.

Questionadora, indignada com injustiças, conciliadora nas relações familiares, desprendida quando tem que ajudar alguém. Uma filha parceira e cuidadosa.

Chega aos 13 anos com uma compreensão do mundo que me enche de esperança. Mais do que uma adolescente linda, ela é uma cidadã que se importa com o mundo em que vive. Formar e passar valores pra alguém assim faz a vida ser melhor.

Na última reunião de pais na escola, ouvi de vários professores "Você é a mãe da Dalila? Parabéns".

Sim, eu sou a mãe da Dalila. E morro de orgulho disso!

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Terceirizados não podem reclamar

Mesmo com as placas "Estamos em greve", a agência do Banco do Brasil na esquina da Marechal Deodoro estava aberta. As funcionárias terceirizadas da limpeza lavavam o chão.

Certamente, elas também querem melhores condições de trabalho e reajuste com ganho real, como os bancários. Mas não podem protestar por isso. Terceirizado se fizer greve, é demitido.

Pensa nisso!

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Libertemo-nos, meninas!

Não tenho inimigAs.
Nāo mando recado pra recaldA.
Não provoco invejosAs.

Nenhuma mulher pode ser vista como rival.

Nosso único inimigo é o machismo de cada dia, que, por sinal, insiste em querer nos convencer de que devemos duelar entre nós.

Libertemo-nos disso, meninas!

Vocês têm noção?


Curitiba e o problema das notas fiscais

"Estou com problemas na impressora"
"Meu sistema está com problema"
"Só tenho nota na outra loja"
"Nota é só com a gerente. Você espera ela voltar? "
"Preencha esse formulário [com uns 15 itens] que a gente manda por email"

As desculpas são inúmeras e os locais os mais variados: padaria, sapataria, restaurante, loja no shopping, posto de gasolina, salão de beleza.

Em Curitiba [A República] são raros os lugares que te entregam nota fiscal após uma compra/consumo sem que tu peças. E em muitos deles, quando tu pedes, vem um arsenal de desculpas pra não te entregar.

Não me furto de bancar a chata e pressionar na hora aquilo que é um direito meu.

Sonegar imposto também é corrupção. Não sejamos coniventes!

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Não precisamos de legislação trabalhista porque temos cultura, defende ministro de Temer

Em entrevista ao vivo na Band News FM, na tarde desta quarta-feira, o ministro da Secretaria de Parcerias e Investimentos do Temer, Moreira Franco, soltou essa pérola ao falar de direitos trabalhistas:
- O acordado tem que se sobrepor ao legislado.
- Mas os trabalhadores temem perder direitos, que as empresas deixem de respeitar direitos como férias e décimo terceiro, ministro.
- Não. Não corre esse risco porque no Brasil existe a cultura da férias e do décimo.

Ou seja, não precisa ter legislação porque existe uma suposta "cultura" pra nos proteger.
Foi pra isso que vocês apoiaram o golpe?

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Coração valente

"Eu fui descrita como uma mulher dura, e sempre disse que era uma mulher dura no meio de homens 'meiguíssimos'. Eu nunca vi ninguém acusar um homem de ser duro, e a gente sabe que eles são. Muitas vezes disseram para mim: mas você é sensível. Esta afirmação é estarrecedora, porque significa que conseguiram construir em torno de mim um nível de desumanização muito alto", disse a presidente Dilma Rousseff.

O trecho postado no facebook pela jornalista Lenise Aubrift Klenk é uma das falas mais fortes da Dilma nesse episódio.

Com todas as vênias do mundo (não ouso me comparar à Dilma), sempre que precisei ser firme na vida - e foram muitos os momentos - fui cobrada pela "dureza igual a de um homem".

Durante muito tempo, naturalizei isso, embora me incomodasse demais. Hoje, eu entendo o recado que passei a vida ouvindo. Se não é fácil ser assim numa vida comum como a minha, imagina com as responsabilidades e pesos que essa mulher teve que carregar desde tão jovem. Vontade de enche-la de abraços e beijos.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Eternamente Super

Dalila sempre foi diferente. Era um bebê que jogava beijo para os estranhos no metrô, que abraçava morador de rua, que aos 3 anos reclamava se eu não cumprimentasse o segurança do banco, que separava brinquedos ainda na caixa para dar a quem não tinha, que se preocupou sempre se o outro estava bem.
Eu me emociono quando lembro de tantos momentos em que ela me fez uma pessoa melhor.
Questionadora, indignada com injustiças, conciliadora nas relações familiares, desprendida quando tem que ajudar alguém. Uma filha parceira e cuidadosa.
Chega aos 13 anos com uma compreensão do mundo que me enche de esperança. Mais do que uma adolescente linda, ela é uma cidadã que se importa com o mundo em que vive. Formar e passar valores pra alguém assim faz a vida ser melhor.
Na última reunião de pais na escola, ouvi de vários professores "Você é a mãe da Dalila? Parabéns".
Sim, eu sou a mãe da Dalila. E morro de orgulho disso!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Ensinando a amar

No shopping, em dois momentos distintos, vimos duas crianças com aquele choro sofrido de doer o coração. Não parecia mimo e sim, algo sério.

Nos dois casos, com a anuência dos respectivos responsáveis, fui até as crianças, conversei, abracei e elas se acalmaram.

Após a segunda abordagem, a Tarsila me pergunta com ar desconfiado e tom decepcionado:

- Mãe, você é carinhosa com qualquer criança?
- Sim, amor, porque todas as crianças do mundo merecem carinho.

Ela ficou me olhando séria por alguns segundos. Imaginei que viria uma reação natural de ciúme infantil. Mas ela me abraçou forte e sorridente.

- Ai, mãe, eu te amo!

E, claro, eu chorei. ♡♡♡

sábado, 12 de dezembro de 2015

Onça é melhor

- Mãe, me dá algum dinheiro!
- Toma esse azul.

Silêncio.
- Mãe, troca. Eu não gosto de tartaruga. Eu gosto de onça.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

TV Brasil, Agência Brasil e radiojornalismo da EBC entram em greve

A EBC é a empresa pública federal, ligada à Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, responsável pela TV Brasil, Agência Brasil, Portal EBC, Radioagência Nacional, oito rádios públicas, além de operar serviços como o canal de televisão NBr e a Voz do Brasil

A partir da zero hora desta terça-feira, 10/11, empregados da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) entraram em greve contra a proposta de reajuste da empresa de 3,5%, bem abaixo da inflação no período (outubro a novembro) que é de aproximadamente 9,8%, segundo estimativa do Dieese. A proposta do órgão é que este percentual seja usado para 2015 e 2016. Isso pode representar uma perda salarial para os trabalhadores de até 15% em dois anos.

A EBC é a empresa pública federal, ligada à Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, responsável pela TV Brasil, Agência Brasil, Portal EBC, Radioagência Nacional, oito rádios públicas, como as Rádios Nacional do Rio de Janeiro e de Brasília e as Rádios MEC AM e FM. Além disso, opera serviços como o canal de televisão NBr e o programa de rádio Voz do Brasil.


A paralisação por tempo indeterminado foi aprovada no dia 5 em assembleia nacional dos trabalhadores das quatro praças da empresa (Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e São Luís). 

Há exatos dois anos, esses mesmos trabalhadores realizaram uma greve de 15 dias e que paralisou cerca de 700 dos 2 mil funcionários. Neste momento, foi conquistado aumento real e garantiu que não fossem retirados direitos já previstos no Acordo Coletivo, como horário especial para amamentação e transporte para os empregados do horário notuno.

Os empregados reivindicam um aumento salarial conforme o índice de inflação mais um ganho real linear para todos os empregados de R$ 450 (esse valor corresponde a cerca de 5% do total da folha de pagamento da empresa). Além disso, eles lutam para que as negociações do ACT sejam realizadas anualmente. A data-base dos trabalhadores é 1º de novembro.

Pelo fim dos privilégios

Os trabalhadores também denunciaram os privilégios que são dados aos cargos de diretoria dentro da empresa pública. Eles lutam por isonomia dentro do quadro de empregados e pressionam para que, neste momento de crise, a empresa faça cortes em cargos comissionados, nos salários da chefia e em outros benefícios dados aos cargos de direção como: vaga privativa na garagem paga pela empresa, auxílio-moradia e diárias recebidas pela direção com valor muito superior aos que são pagos aos empregados.

Confira o abaixo-assinado endereçado ao ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Edinho Silva, que pede o fim dos privilégios na empresa pública. No primeiro dia de mobilização, os trabalhadores farão um cabidaço, colocando cabides na entrada da empresa, como forma de protesto para expor esta situação.

“Altos salários são pagos para os cargos comissionados da Empresa, que estão na magnitude dos R$ 29 mil para o diretor-presidente (fora os privilégios, que fazem com que o salário do presidente chegue a vultuosos R$ 35 mil), valor assustadoramente próximo ao salário da Presidenta da República e seus ministros de Estado, que é de aproximadamente R$30 mil. Nosso diretor-geral ganha quase R$ 27 mil e os demais diretores da EBC, cerca de R$ 25 mil”, diz um trecho do documento.

Acompanhe a greve da EBC: https://www.facebook.com/SJPDF e facebook.com/comissao.ebc