terça-feira, 19 de abril de 2011

Dia de Tarsila

Já estou na maternidade.
Estou calma e até surpresa com isso. Ela nasce dentro de duas horas. Rolando está um pouco nervoso, mas carinhoso e companheiro.

Tarsila chega no Dia do Índio. E eu sinto que isso quer dizer muita coisa. Ela já enfrentou tantas coisas até aqui. Tem sangue de guerreira!
No início, não nos demos muito bem. Conflitos de interesse gravíssimos não permitiram que eu a aceitasse facilmente. Muita coisa em jogo.
Mas o tempo foi passando, o carinho dos amigos, o apoio irrestrito da família (minha e do Rolando), a felicidade da Dalila. Tudo isso foi muito importante para que passássemos a ter uma boa relação.
Era tanta energia gostosa recebida que fui me acostumando e gostando muito da idéia de transformar minha dupla dinâmica em trio parada dura.
É, juntas seremos imbatíveis!
Tarsila chega como reforço para a nossa felicidade!
Que assim seja!

Até mais, depois que ela nascer!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

E aí, bora cuidar da cabecinha?

E o assunto dos últimos dias ainda é a chacina em Realengo, ocorrida há uma semana.
Inicialmente, discursos acalorados falavam em "falta de segurança nas escolas". Depois, o debate passou para a necessidade de desarmar a população. Nos dois quesitos, pedras nos políticos - No Brasil é mais fácil culpar políticos do que a sociedade se enxergar um pouco.
Acho que já é tardio por parte deste blog relembrar que por meio de um plebiscito 64% da população apta a votar em 2005 disse que não queria que fosse limitada a venda de armas no Brasil.

Bom, mas quanto mais a imprensa explora os aspectos do crime, mais me convenço de que o debate mais sério que precisa ser travado está na necessidade de cuidar da saúde mental das pessoas. Como o povo adora um voyerismo, explorar todas as nuances da chacina e descascar a vida do assassino tem sido o foco da cobertura jornalística. E quanto mais eu sei sobre o caso - e olha que eu tenho evitado bastante -, mais me convenço de que essas mortes todas poderiam ter sido evitadas se esse rapaz tivesse recebido a ajuda adequada.

Já passou da hora da sociedade parar de achar que fazer tratamento psiquiátrico é motivo de vergonha, é coisa de louco, no pior sentido da palavra. Basta analisar a quantidade de vidas que se vão diariamente por mentes doentes (patologicamente mesmo, sem tom pejorativo).

No caso específico do assassino de Realengo, a própria família do rapaz admite que ele "era estranho" e que chegou a fazer tratamento psquiátrico, mas logo abandonou. Ok, e porque ninguém apoiou o rapaz para que continuasse? Ainda mais por se tratar de um adolescente à época. Quantos são os casos de pacientes que abandonam seus tratamentos e, se não fosse a ajuda de amigos e parentes, não retornariam?

As pessoas têm que parar de ter vergonha de dizer "sim, eu faço análise", "estou tomando um remédio para controlar meu humor oscilante".

É claro que o caso do rapaz citado é bem mais grave. E exatamente por isso ele jamais deveria ser largado à própria sorte. A situação não é fácil? Eu não acho que é. Mas é preciso enfrentá-la!

A própria classe médica deveria avançar nessa discussão. O obstetra com quem faço pré-natal veio outro dia com a seguinte conversa "aproveite que você está sem tomar remédio esses meses e pare com isso". O tom era totalmente pejorativo e como se o fato de tomar meus remedinhos fizesse de mim uma pessoa pior. Não! Ao contrário! Me ajudam a ser melhor. Ansiosa como sou, sem eles, só eu sei o quanto sofro. Eu e o médico que me acompanha nessa questão.

Agora vejam! Um médico tratando a questão com preconceito.
E um paciente com diabetes, não precisa de sua insulina para viver bem? Qual a diferença?

Mudar isso cabe a cada um de nós. Você mesmo que está lendo este texto acha que precisa de ajuda profissional? Vá, meu filho! Enfrente os preconceitos. Ah, não é você? É sua mãe? Tente convencê-la da importância de viver bem.

Convivo de perto com alguém que não se percebe precisar de ajuda psquiátrica. Uma pessoa muito talentosa, genial e que não consegue se dar bem na vida por uma única razão: briga com todo mundo. Isso vai de colegas de trabalho a amigos de infância. Atualmente não consegue se relacionar bem nem mesmo com a família, parece que somente com a esposa. Todo mundo que o cerca percebe isso. Quando questionado sobre mais um rompimento, a culpa é sempre do outro. É como se todo mundo o perseguisse o tempo todo. E a cada briga, ele faz questão de jogar em cima da "vitima" palavras duras que possam mostrar alguma suposta superioridade. É triste de ver. Se eu já tentei ajudar? Claro! Mas ele sempre vem com ofensas gratuitas. Desisti.
E aí, ele vai virar um assassino em massa? Não. Creio que não. Mas está virando um assassino de si mesmo e mata um pouco as pessoas que o amam cada vez que briga com elas com seus surtos de superioridade e discursos de que só ele é feliz. Amo algumas das pessoas que ele maltrata e sofro por tabela.

Infelizmente, todo esse blá blá blá que estou dizendo só serve para quem tem dinheiro para gastar com tais tratamentos. Uma sessão com psicólogo pode custa, em Belém, de R$ 70,00 a R$ 150,00. Com psiquiatra, oscila entre R$ 100,00 e 300,00 cada sessão. Há casos de visitas semanais e quinzenais. Pode ser que haja profissionais mais caros e mais baratos, mas eu desconheço. A Unama tem um serviço gratuito para pessoas de baixa renda, mas não sei como funciona.

O que eu acho é que precisamos debater mais a questão e pressionar para que o poder público ponha a serviço da população Casas de Saúde Mental. Sem demagogias ou papo clichê, mas estamos, sim, vivendo numa sociedade doente!

Universo irracional

O problema não é o cabôco ser maconheiro. Cada um sabe o que faz da sua grana e da sua mente (além da virilidade, é claro!).
O problema é quando o cara entra nessa e acha que só quem fuma maconha pode ser feliz e completo.
Aí, meu amigo, haja papo de psicologia barata inspirado em muita viagem.
Ninguém é obrigado!
Eu dispenso totalmente!

domingo, 10 de abril de 2011

100 dias de silêncio

Do blog Flanar, pelo jornalista Val-André Mutran;


Enquanto a presidente Dilma Rousseff contabiliza 73% de aprovação, o governo do estado do Pará dá de ombros.

Não há pesquisa. Ninguem se interessa em saber como está Simão diante de 100 dias a frente do que ele mesmo declarou: "Terra arrasada".

Uma vergonha!

Mas, afinal, não há nada, absolutamente nada a mostrar. Pelo contrário.

Oposição enxerga acertos em Dilma e se desnorteia

Do blog do Josias de Souza

Três meses de Dilma Rousseff foi tempo bastante para que Fernando Henrique Cardoso alterasse o conceito que fazia dela.

Presidente de honra do PSDB e principal ideólogo da oposição, FHC pespegara em Dilma, durante a campanha de 2010, a pecha de “boneca de ventríloquo”. Insinuara que, eleita, quem daria as cartas seria Lula, não ela. Hoje, em diálogos privados, FHC reconhece que Dilma o “surpreendeu”. Positivamente.

A avaliação de FHC se espraia por toda a oposição. Alastra-se pelo PSDB e também pelo DEM, seu parceiro de oposição. Tornou-se consensual entre os adversários do governo a percepção de que, a menos que ocorram tropeços, não será fácil se opor a Dilma.

Avalia-se que a presidente revelou-se dona de personalidade própria. Distancia-se de Lula nos pontos que alimentavam as fornalhas da oposição. Substituiu a histrionia pela parcimônia verbal. Trocou a ideologia pelo pragmatismo. Distanciou-se do Irã. Reachegou-se aos EUA. Anunciou cortes orçamentários.

Como se fosse pouco, revelou-se capaz de gestos como o convite a FHC para o almoço oferecido ao visitante Barack Obama. Um gesto que, tonificado pela ausência de Lula, forçou FHC a derramar-se elogios sobre os microfones.

Afora a ausência de discurso, a oposição debate-se consigo mesma. PSDB e DEM são, hoje, os principais adversários do PSDB e do DEM.

O tucanato, agremiação de amigos 100% feita de inimigos, revolve suas divisões. Divisões internas e eternas. No centro de todas as trincas está José Serra, o candidato que a ex-boneca abateu com a ajuda do ex-ventríloquo. Serra mede forças com Aécio Neves por 2014. Digladia-se com Sérgio Guerra pela presidência do partido. Disputa com Geraldo Alckmin a hegemonia em São Paulo.

O DEM, depois de engolfado pela “onda Lula”, luta para que a lipoaspiração congressual não evolua para um raquitismo patológico. Os ‘demos’ que não aderiram ao projeto de novo partido do prefeito Gilberto Kassab dividem-se em dois grupos. Uma ala olha para o futuro com grandes dúvidas. A outra já não tem a menor dúvida: o futuro é uma fusão com o PSDB, uma espécie de inexorável à espera do melhor momento para acontecer.

Assim, dividida, dilacerada e sem norte, a oposição enxerga nos acertos da Dilma um entrave adicional para pôr em pé um discurso alternativo. Vai-se buscar munição nos detalhes. O DEM faz um inventário das promessas de campanha de Dilma. Acha que não há como cumpri-las. E esboça a cobrança.

O PSDB fará do recrudescimento da inflação o seu principal cavalo de batalha. Enxerga na eletrificação do índice a oportunidade para reacencer a pauta antigastança. Parte-se do pressuposto de que Dilma não conseguirá entregar o corte orçamentário de mais de R$ 50 bilhões que prometeu. Vai-se atacar a inificiência do Estado “aparelhado” e realçar a herança tóxica deixada por um Lula que tinha em Dilma sua principal gerente.

À sua maneira, Aécio Neves, o grão-duque do tucanato de Minas, esgrimiu esses tópicos no discurso inaugural que pronunciou no Senado. "Vemos, infelizmente, renascer, da farra da gastança descontrolada dos últimos anos, em especial do ano eleitoral, a crônica e grave doença da inflação", disse Aécio. “Era o discurso que faltava”, festejou Sérgio Guerra, o ainda presidente do PSDB. A despeito dos anseios de Serra, Aécio tornou-se o nome preferencial de tucanos e agregados para o próximo embate sucessório. Com isso, guinda-se ao posto de principal líder da oposição um personagem que se definiu no celebrado discurso como “um construtor de pontes”.

Para Aécio, o êxito de seu projeto passa por duas variáveis: os eventuais erros de Dilma e a capacidade da oposição de beliscar pedaços do atual condomínio governista. Assim, além de aprumar um discurso e torcer pelos tropeços da sucessora de Lula, a oposição teria de seduzir legendas como PSB, PDT, PP.

Tudo isso contra um pano de fundo marcado pela crise do “de repente”. Numa Era pós-revolucionária, o brasileiro afeiçoou-se à evolução econômica e sociail lenta. Ao reconhecer os méritos de Lula, Aécio realçou dois: a manutenção dos pilares econômicos erigidos nas gestões Itamar e FHC e o viés social.

O problema é que o cidadão tende a associar os benefícios resultantes da combinação ao mandatário de plantão, não aos gestores do passado. Significa dizer que, se conseguir debelar o surto inflacionário e manter a cozinha relativamente em ordem, Dilma vai a ante-sala de 2014 bem posta. Foi-se o tempo em que o eleitor acreditava em salvadores e em milagres. Já não há o “antes” e o “depois”. Só há o “processo”, vocábulo caro ao PSDB. Escolado, o dono do voto agarra-se à força das continuidades. Olha para a mudança com ceticismo. De novo: vive-se uma crise do “de repente”.

Sem vocação para fazer uma oposição ao estilo do ex-PT, PSDB e DEM foram como que condenados à tocaia. Rezam baixinho por um tsunami que destrua a perspectiva de poder longevo que Dilma passou a representar.

Até a torcida exige comedimento. Uma arquibancada barulhenta poderia soar impatriótica.