NOTA EM APOIO AO SINDICATO DOS JORNALISTAS DO RIO DE JANEIRO CONTRA O ATAQUE DA MÍDIA
A Comissão de Empregados da Empresa Brasileira de Comunicação - EBC presta solidariedade ao Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro, que vem sofrendo uma série de ataques por parte da imprensa carioca, por ter, na última semana, organizado uma entrevista coletiva com ativistas acusados de praticar atos violentos em manifestações.
Repudiamos qualquer forma de violência contra a imprensa, seja por manifestante ou por forças policiais e nos colocamos contrários a qualquer forma de limitar o exercício da profissão. O jornalismo tem o dever de defender os direitos humanos e a democracia e não pode ter seus profissionais atacados, independentemente da linha editorial de seus veículos. Porém, diante das críticas ao Sindicato, que ofereceu o auditório para a coletiva, organizada por organizações como a Justiça Global e o Grupo Tortura Nunca Mais/RJ, questionamos quais os reais interesses por trás de ataque feitos pelas corporações ao sindicato e que têm inflado a categoria.
Estamos conscientes de que o clima de hostilidade entre manifestantes e imprensa é péssimo para assegurar a integridade dos jornalistas e a liberdade de imprensa. Compreendemos o esforço do Sindicato em buscar uma conciliação possível, por meio de uma conversa aberta, com a participação da categoria, na sexta-feira (25), e de condenar publicamente, mais uma vez, a violência contra os profissionais, na frente daqueles acusados de promovê-la. Foi uma atitude corajosa que não estava escorada na fácil troca de acusações por meio de editorais. Porém, esse esforço foi deturpado por parte da mídia, que se aproveitou da situação para criar falácias e colocar jornalistas contra jornalistas. Repudiamos esse ataque e nos solidarizamos com a presidenta Paula Mairan, que tem sido atacada pessoalmente, depois desse episódio.
A categoria não pode se deixar ludibriar por matérias falaciosas, quando não mentirosas, e esquecer que essas mesmas corporações que destilam ataques contra o Sindicato não tem nenhum interesse na segurança e no bem estar de seus profissionais. Os patrões foram incapazes de assegurar um reajuste salarial acima da inflação para os jornalistas cariocas e pouco avançaram na garantia da segurança de seus profissionais. Os patrões nunca publicaram um editorial condenando a ausência de equipamentos de proteção e o acúmulo de função do nosso colega Santiago Andrade, repórter cinematográfico da TV Band, que morreu vítima de um rojão disparado por manifestantes em protesto.
Pior, essas são as mesmas empresas que colocam seus estagiários, menos conhecidos que seus profissionais, na linha de frente dos protestos.
O Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro prestou apoio a todos os jornalistas vítimas de violência desde o ano passado e também fora deles. Elaborou uma um dossiê com os casos de jornalistas agredidos, apresentado a Assembleia Legislativa do RJ, ao Governo do Estado, a representante das Nações Unidas (ONU) e ao Ministério Público do Trabalho. Lançou também a campanha "Jornalista é trabalhador" durante os protestos, para fazer frente aos ataques contra os colegas, além de ter envolvido outros sindicatos e organizações da sociedade civil para se somar à defesa da integridade de seus profissionais. Poucas linhas saíram nos jornais sobre essas medidas.
Na EBC, esteve ao nosso lado durante a greve de 2013 e em todas as atividades e lutas que se seguiram, inclusive, com ações judiciais. Temos tido grandes conquistas na garantia de nossos direitos e no reconhecimento da organização dos trabalhadores como fundamental para o fortalecimento da comunicação pública no país.
Por fim, lembramos que o Sindicato é a expressão de sua categoria, que deve se fazer presente, criticando e construindo a entidade sindical.
Comissão de Empregados da EBC
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O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal - SJPDF (o qual eu integro) também assinou a nota, juntamente com uma série de outras entidades, como o Sindicato dos Radialistas do RJ, que têm se unido no combate à criminalização dos movimentos sociais e a opressão ao trabalho dos jornalistas brasileiros.
Se tu concordas com ela, ajude a divulgá-la.
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