quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Sobre alguns petistas

Excelente análise de Leopoldo Vieira, publicado no blog Espaço Aberto, sobre a crítica de alguns petistas ao apoio do PT à Edmilson Rodrigues (PSOL), em Belém.

"Data vênia o direito democrático às diferenças políticas e o necessário, pelo menos como meta, convívio civilizado entre elas, esta nota é a mais vil prova da rasteira capacidade de compreensão política de um setor do partido.
Primeiro, demarque-se: ser "núcleo", neste caso, nada tem a ver como "PT das origens". Um núcleo também por ser o modo como se organiza um pensamento específico - para este que escreve ser republicano - que optou por não se agrupar como tendência.
O PSOL é um partido esquerdista. Sem dúvida. Desses que tomam partidos laborais por partidos "burgueses", que confundem o tático e o estratégico e que, como dizia Ferreira Gullar, "ao invés de estarem defendendo o La Moncada, estavam a fechar o aeroporto de Santiago". Esta, pelo menos é a origem do PSOL.
O processo em Belém revelou uma opção popular entre a esquerda e a direita, que no Brasil, goste-se ou não, no imaginário popular, é capitaneado pelo PT x PSDB, ou oposição x Lula. O Edmílson, com toda sua trajetória, foi identificado como o candidato deste polo, da esquerda. Sua vida está ligada ao que o povo, belamente, qualifica como "petista" ou "coisa do PT". Para o bem ou para o mal. Por isso encaixa, ajuda e promove o apoio de Lula e Dilma neste segundo turno. Este é o sentido histórico-político da candidatura dele, apesar de ser do PSOL. Neste leque, claro, cabe a ideia de "aprofundar as mudanças" ou propugnações por correções de rota, ajustes e tal. Isso também faz parte deste imaginário acerca do que são "coisas do PT".
Não estou com isso forçando uma cooptação. Sei o que é e respeito o PSOL e os demais partidos de esquerda. Estou tratando aqui do que muitos tem chamado de "lulismo".
Goste ou não, Edmilson faz parte disso, porque ajudou a construir isso e, agora, mantendo a independência política normal e democrática, se reconcilia com isso.
Em termos práticos, "infraestruturais", como diria um sábio italiano, isso significa inversão de prioridades na agenda pública em prol da equidade social, política e econômica, estado na economia para produzir justiça social, ampliação da participação social, fortalecimento dos movimentos sociais etc. O oposto da agenda tucana.
Ainda que valorize as marcas do "Governo do Povo", o que é óbvio para se demarcar um espaço político, o PSOL já sabia que a parceria com o governo federal, pelo conteúdo da agenda e não por quem é mais ou menos amigo da autoridade xis, seria imprescindível.
Ao PT, portanto, fora do segundo turno justamente por ter havido uma candidatura que captou mais o sentido histórico-político, nesta conjuntura, do que a sua, deve apoiar Edmílson, justamente por este sentido histórico-político buscado. Quem se opõe a isso por querelas eleitorais passadas pensa na política com a profundidade de um pires. A mesma profundidade de CST e PSTU.
Volto a dizer: o PSOL é esquerdista, o PT não. O PT lidera um projeto político nacional e é muito responsável com ele.
Se setores do PSOL começam a perceber, a despeito de todo o direito à crítica, à autonomia política, à busca por uma esquerda plural, este sentido histórico-político com o qual o PT se compromete e se responsabiliza a ponto de colocar Lula e Dilma dizendo "vote 50", é excelente. E estaremos, sim, juntos. Aqui e em outros cantos do Brasil no futuro próximo.
E assim tem que ser: unidade popular.
Importam as linhas dos livros de História e a vida do povo. O resto é "par ou ímpar". É aquele papo do sofá novo na sala.

Nenhum comentário: