Pelo publicitário e mestre em Comunicação pela UFBA Ruan Carlos:
Ao longo de 2011, depois que os ânimos das eleições presidenciais de 2010 já tinham se acalmado, eu vi – não li a respeito, nem ouvi falar – vi várias lideranças tucanas, como o ex-presidente FHC e o próximo presidenciável Aécio Neves, fazendo um mea culpa sério a respeito do papel esdruxulo ao que Serra se prestou, na questão do aborto. As lideranças tucanas mostraram-se constrangidas com aquela estratégia, reafirmaram a tradição progressista do PSDB, condenando claramente a posição tomada pela campanha tucana de 2010.
Dois anos depois, Serra consegue fazer pior: na disputa municipal paulistana, instrumentaliza a questão gay, apelando ao que existe de mais conservador e retrógrado no eleitorado. Essas são questões delicadas, que precisam avançar muito ainda na sociedade brasileira. Políticos sérios, sejam do PT ou do PSDB, devem lutar por esse avanço, pela abertura cultural da sociedade, pela garantia de direitos. Aliás, essa sempre foi uma das vantagens atribuídas à polarização PT x PSDB: pelo menos as duas principais forças do país são progressistas.
Talvez, o material do MEC batizado de “kit gay” (pelo Bolsonaro, diga-se) tenha sido uma tentativa equivocada, que precisava ser revista, mas foi uma tentativa na direção certa! Disso não se pode abrir mão. Distorcer o debate, e alinhar-se com o que existe de mais obscuro e intolerante no país, como é caso do Silas Malafaia, é injustificável, especialmente vindo de um político intelectualmente preparado, que tem plena consciência do que tudo isso significa. É um fim de carreira deprimente. Até pro Serra.
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