domingo, 19 de outubro de 2014

Pelo fim dos "bichos" no Brasil

Voltávamos do almoço. A três quadras e casa, uma mãe com os três filhos (idade aparente entre 7 e 12 anos) vasculhavam as lixeiras de um prédio classe média.

Eu me assustei com a cena. A Dalila fez cara de choro. "Mãe, aquela menina tem a minha idade. Ela não podia estar aí. Eu nunca tinha visto isso".

Parei pra lembrar qual tinha sido a última vez que eu havia visto uma família revirando o lixo dos outros. Lembrei do quão comum era isso na minha infância, na minha adolescência. Não que isso nos deixasse frios, mas eu cresci entendendo que, infelizmente, aquilo fazia parte do processo, que a vida era assim, alguns foram fadados a viver do resto dos outros.

Hoje, adulta, a história do Brasil me mostra que não. E eu me assustei com o que vi hoje porque essas cenas deixaram de ser tão corriqueiras no Brasil dos anos 2000. Porque a miséria não assola mais nosso país como antes.

Ainda nos faltam muitos passos para eliminar de vez a fome da vida de nosso povo. Mas, milhares já saíram da miséria e não estamos mais no mapa mundial da fome.
De minha parte, pra ajudar aquela família dei as marmitas que trouxe do almoço.

E domingo preciso nas urnas dar continuidade ao único projeto que se apresentou até agora preocupado com essas questões.

Quanto à Dalila Figueiras, entendeu como de nenhuma outra forma a importância das políticas de transferência de renda.

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O BICHO

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.

(Manuel Bandeira)

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