sábado, 16 de agosto de 2014

De quem seria o terrorismo, afinal?

Recebi esta mensagem do professor e advogado Alan Souza, amigo querido servidor da Advocacia Geral da União. 

Divido com vocês a reflexão, já que Alan não tem Facebook, abandonou o blog e faz esses envios por e-mail a alguns sortudos como.

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Dois fatos para reflexão (ou: "antes um bom ditador do que uma democracia meia-boca", devem pensar os líbios e iraquianos...)
 
 
- Fato 1: até 2011, quando uma guerra civil derrubou o ditador Muammar Khaddafi, a Líbia era o país africano com o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) mais alto, estava na 53ª posição, ao lado das Bahamas, e acima de alguns países europeus, como Rússia, Turquia e Bulgária. Segundo o Banco Mundial o PIB per capita era mais alto que o da Argentina, do Chile e do Uruguai. 89% da população era alfabetizada, a expectativa de vida era de 75 anos e havia um eficiente sistema de saúde pública gratuito para todos os cidadãos.
 
Atualmente, passados apenas três anos da revolução que depôs Khaddafi, a Líbia está à beira do colapso social e de uma tragédia humanitária. Faltam água, luz, alimentos, médicos, remédios e até combustível, num país que produzia petróleo e gás em abundância. Seis milícias estão em guerra civil no país, e na capital Trípoli e em Benghazi (segunda maior cidade do país) há relatos de saques, tiroteios e disparos de mísseis e morteiros, com mais de 100 mortos e cerca de 500 feridos em confrontos. O aeroporto da capital está fechado. Somente a embaixada de Malta está funcionando - os diplomatas brasileiros deixaram o país em 30 de julho e foram para a vizinha Tunísia.
 
- Fato 2: em 2003 uma coalizão internacional liderada pelos EUA invadiu o Iraque e depôs o ditador do país, Saddam Hussein, que foi condenado à morte e enforcado no final de 2006. As tropas dos EUA nunca conseguiram dominar o país totalmente e sofreram anos a fio com atentados e a resistência de vários grupos paramilitares, na chamada Insurgência Iraquiana. Em 2011 as tropas americanas se retiraram do Iraque e deixaram o país numa situação instável, com mais de 51% da população contrária ao novo governo, apoiado pelos EUA - a taxa de reprovação chega a 90% dos muçulmanos sunitas, a ala islâmica a qual Saddam Hussein pertencia e que soma 1/3 da população. Combates praticamente diários dos insurgentes contra tropas governistas ocorreram desde então.
 
Atualmente o norte do Iraque está sob controle do Estado Islâmico, um dos grupos insurgentes sunitas surgidos a partir de 2004. O EI já assumiu o controle da segunda maior cidade do país, Mossul, e avança firme rumo à capital Bagdá, tendo declarado o norte do Iraque e o nordeste da Síria como um califado islâmico. Mesmo na ditadura sempre foi seguro ter outra religião no Iraque - o vice-presidente iraquiano ao tempo de Saddam era um católico maronita. Mas o Estado Islâmico impôs a sharia, a lei islâmica, nas áreas dominadas e está promovendo execução de líderes de outras religiões, com relatos de decapitações e de cristãos crucificados. A conversão forçada ao islamismo é o mínimo: mulheres estão sofrendo mutilação genital e sendo obrigadas a usar burca, aquele traje que cobre o corpo todo e deixa apenas uma pequena tela como espaço para enxergar. Mais de 130 mil pessoas fugiram de suas casas e tentam escapar do Estado Islâmico no norte do Iraque.

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