Você carrega seu filho na barriga e se recusa em expulsa-lo de dentro de você, mesmo com a sugestão do pai, diante da gravidez indesejada.
Você muda totalmente seus planos de vida por esse filho, que mesmo surgindo não planejadamente, você aprende a amar. Aquele ser passa a se encaixar na tua vida de uma forma que nem consegues mais imaginar como ela poderia ser feliz sem a presença daquela novidade cheia de dobrinhas.
Você aguenta um mundo de coisas que nem sabia ser possível: Mais de um mês de noites em claro sem o auxílio de ninguém; ligações do celular daquele que deveria ser o seu parceiro com vozes femininas desconhecidas; humilhações nas recusas das solicitações de divisão de tarefas que deveriam ser de mãe e... pai; e mais uma lista de coisas que só de relembrar machuca.
Você abre mão da sua agenda social, política e, algumas vezes, negligencia até o outro rebento que colocara no mundo antes. É necessário! Afinal, cuidar de um bebê sozinha exige muito tempo e esforço.
Você se esforça tanto, que mesmo já tendo sofrido tudo (até agressões físicas), você se submete a mais um teste e aceita morar debaixo do mesmo teto que o pai desse bebê. No fundo, bem lá no fundo, você quer acreditar que pode haver amor, que ele vai ajudar a dividir as tarefas e que a sua bebê vai ter uma família feliz com papai e mamãe juntos para sempre. Ter aquilo que você não teve. Ledo engano.
Aí, passados dois anos e meio - dos quais apenas 10 meses foram sob o mesmo teto - você morando longe de toda a sua família, vê-se num mato sem cachorro, com a babá maltratando a sua filha e sem poder pedir demissão do seu emprego, afinal, a pensão paterna dela cobre apenas o aluguel. Como alimentá-la? Pagar luz? Água? Remédios? Fraldas?
Como o pai mandou um sonoro "não posso fazer nada", você recorre a quem? A sua própria mãe, que tem uma história não muito diferente da tua, por sinal! Ela aceita te ajudar e ficar com a pequena até você encontrar a nova babá. Mesmo que isso te sangre completamente, você se separa daquele serzinho tão amado. Mas fica tranquila. Ela estará com a sua mãe, com a vovó (!). E, também, será por pouco tempo. Rapidinho você a terá de volta.
Ledo engano 2. O super papai que sempre esteve ao seu lado, te apoiando e sendo prestativo - Só que não!! - surge na casa de sua mãe, a quase 3 mil quilômetros de você, e pega a sua filha porque ele decidiu, enfim, ser pai! (Glória, Senhor!)
Nem tanto. Mesmo com todas as rugras da relação, você colocava a sua filha para falar diariamente ao telefone com o pai. Você não teve pai e sabe da importância de um, sabe que uma criança jamais pode se sentir abandonada. O mesmo não acontece do outro lado. Você passa até uma semana sem conseguir falar com a sua filha! Preocupação com a cabecinha dela? Pra quê?
E tê-la de volta em seus braços? (suspiros...) Todas as vezes que você fala com ela, ouve "mamãe, quéno ir pa casa".
Somente depois de um mês e meio de intensa negociação e muitas articulações, o pai decidiu que vai devolver a sua filha pra você. A razão pra tanta demora você escuta da boca dele, ratificada em várias mensagens:
VOCÊ NÃO SABE SER MÃE. VOCÊ É RELAPSA E ABANDONOU A SUA FILHA!
Agora, me digam, esse mundo é ou não de expiação? Isso é ou não um teste de Deus?!
Um comentário:
Querida Waleiska,
A cada dia que passa eu tenho mais conviccão de que maternidade é como uma grande missão dada por Deus a mulheres privilegiadas. Não tenho dúvida, pelo teu sincereo relato, do quão boa mãe és para as tuas meninas e agora que também sou mãe imagino a dor no coração de ter uma delas longe de ti.
Que o todo poderoso lá de cima possa te proteger e renovar a tua fé cada dia para que logo, logo tudo se resolva e possas ter tua filhinha nos bracos novamente e que todas essas dificuldades passem logo.
Um grande abraço.
Dayse
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