Esse post veio um pouco passado, mas não por isso perde a importância de sua reflexão.
Às vésperas do RExPA, assisti à uma reportagem em um telejornal local, que me incomodou bastante pelo mau uso da liberdade de imprensa.
Os dois clubes paraenses optaram pelo treino para o clássico sem a cobertura da imprensa e apreciação pública das torcidas. Direito legítimo. Mas, a tal emissora achou que tinha o direito de transmitir o que não foi autorizado e conseguiu que um morador de um prédio vizinho à Curuzu permitisse as gravações do treino de sua janela.
A saída encontrada pela equipe de reportagem irritou a diretoria do Clube e o assessor de imprensa do Payssandu não reagiu muito bem quando foi procurado pelos jornalistas. Até aí, muito natural.
O que me impressionou mesmo foi a repórter insinuar o tempo todo em seu texto que o Clube estava errado ao questionar a conduta da equipe e que eles estavam fezendo "apenas" o seu trabalho. Até onde me consta, invadir a privacidade alheia não é trabalho da imprensa. Se o clube optou pelo treino sem cobertura, porque arrumar um jeitinho para mostrá-lo? "Furo jornalístico" invadindo a privacidade de outrem é para mim, no mínimo, questionável.
O Remo também foi vítima da invasão. Só que reagiu de uma forma mais midiática. Arthur Oliveira se disse incomodado, mas que entendia que a imprensa "tinha que fazer o seu trabalho".
Como jornalista, acho importante levantar a questão. Apuração é bem diferente de invasão e excesso.
Enquanto falamos de um "mero" treino de futebol não há maiores danos. Mas quando pensamos em casos mais complexos, como em investigações criminais, essa postura do "sou repórter e posso tudo" pode ser nociva à socidade. E nisso, os profissionais de televisão costumam apelar muito mais.
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